José Renato Nalini
…e depois escrever a receita. É o que se atribui ao jovem Desembargador Antonio Carlos Alves Braga Filho, um dos atuais talentos do Poder Judiciário brasileiro. Depois de assessorar o Ministro Cezar Peluso, na presidência do STF, voltou ao TJ de São Paulo e tive o privilégio de tê-lo como assessor especial para a área de informática.
O que ele quer dizer?
Os tempos presentes não admitem hesitação. Não se pode esperar que o governo resolva tudo, que as soluções surjam prontas. De onde menos se espera é que nada virá. Cumpre implementar o protagonismo e ressuscitar o princípio da subsidiariedade. Aquilo que se puder fazer sozinho, não pedir a outrem. O grupo menor, em regra a família, deve realizar tudo o que não necessitar de ajuda.
A receita é depender do governo o mínimo possível. Contribuir para que ele se liquefaça, assim como a realidade contemporânea, que é líquida, como diz o Baumann. Assumir responsabilidades. Mudar a vida, mudar o mundo, mudar a história, a partir da mais difícil dentre as mudanças: a mudança de mentalidade.
Não há um minuto a perder. O Brasil já deixou para trás décadas de possibilidades. Viu a sua indústria sucateada porém, pior do que isso, vê agora a sua floresta devastada. As hienas gargalhando como se gostassem de chegar mais próximo às portas do inferno. Enquanto isso, as crianças precisam acordar os adultos, despertá-los de sua hipnose coletiva. Fazer com que mostrem indignação e, muito acima dessa postura, ajam para interromper a sanha assassina.
Os bairros devem cuidar de replantar as árvores abatidas. Fazer com que o verde retorne e, com ele, a vida integral. Os insetos, os pássaros, os répteis. O bicho mais destruidor, que é o homem. Sem vegetação, sem oxigênio, sem água, não haverá a continuidade da vida no planeta.
O momento é o de fazer o bolo – tomar atitude – e depois elaborar projetos, planejamentos, fazer reuniões intermináveis por inócuas Comissões que a nada conduzem, a não ser a sobrevivência do próprio grupo.
Falando em bolo, lembrar do poderoso Ministro Delfim Netto, que também teve uma frase célebre: “Primeiro fazer o bolo, para depois reparti-lo”. A História mostrou que o bolo queimou, à espera de quem o tirasse do forno. Os governos deram o “bolo” ao brasileiro crédulo e passivo. O futuro merece mais do que isso.
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José Renato Nalini, desembargador aposentado do TJSP, reitor da Uniregistral, docente da Pós-Graduação da Uninove, presidente da Academia Paulista de Letras (APL)