A justiça divina sempre corrige os desvios da justiça humana?

 

(Alvaro Vargas, Eng. Agrônomo-Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante espírita)

Todas as instituições humanas dedicadas ao cumprimento da lei e da ordem são dignas, e representam um avanço na busca por uma sociedade mais justa e organizada. Contudo, para assegurar o seu direito, o cidadão deve estar sempre atento às normas, prazos e regramentos previstos nas leis, os quais, se inobservados, poderão resultar na perda da possibilidade de efetivação desse direito. Para isso, existe uma máxima citando que “o Direito não socorre aos que dormem”. Isso significa que todos os que se descuidam de lutar pelo seu direito, certamente o perderão, a menos que formalizem legítima reivindicação perante o Poder Judiciário, no prazo e na forma previstos em lei. Lamentavelmente, nem sempre existe essa compreensão por parte expressiva da população, particularmente a menos favorecida, cujos valores de cidadania vêm sendo diuturnamente assolados por narrativas ideológicas absolutamente divorciadas dos verdadeiros valores cristãos. Outro aspecto relevante a ser observado, especialmente nos casos envolvendo questões de natureza criminal, diz respeito ao abuso de recursos perante os Tribunais, os quais acabam por resultar na impunidade de criminosos perigosos, muitas vezes políticos poderosos, em prejuízo das vítimas e da sociedade em geral. Tudo isso escandaliza o homem de bem, que se sente frustrado como o Direto é exercido em nossa nação. Mas, se a justiça humana é falha, o mesmo não ocorre em relação à justiça divina, e mesmo os astuciosos, que alegam ignorância imaginando evadir-se das responsabilidades pelos atos praticados, devem saber isso é uma tentativa infrutífera, pois, as leis de Deus se encontram escritas em nossa consciência (KARDEC, A. O Livro dos Espíritos, questão 621).

Quanto às vítimas das injustiças terrenas, o Espiritismo esclarece tudo ocorre conforme a lei de causa e efeito. Somos espíritos imortais, com inúmeras reencarnações no mundo material e, durante as romagens terrenas, nem sempre soubemos nos conduzir de forma ética e honesta. Ao delinquirmos, prejudicando indivíduos e a sociedade, contraindo débitos que nos conduzem a situações expiatórias. Dessa forma, cumpre-se a justiça divina, não como uma punição, pois Deus é amor, mas como uma necessidade do indivíduo que delinquiu, em saldar os seus débitos e ficar em paz com a sua consciência. Essas reencarnações obedecem a um processo educativo e de cura da alma, pois as mazelas morais, originadas pelas ações no mal praticadas nesta encarnação ou em existências passadas, enodoam e enfermam o nosso corpo espiritual, necessitando, portanto, desse processo purificador. O “magnetismo negativo”, provocado pelos erros praticados, atrai para a alma recalcitrante, indivíduos, que se tornam agentes nesse processo de redenção espiritual. Geralmente, associam-se a eles, espíritos obsessores, criando situações difíceis e enfermidades dolorosas.

Felizmente, não existe um fatalismo cármico. Deus nos permite alterar a natureza das provas e expiações, pela simples ação no bem. Para isto, é necessária uma transformação moral, que significa vivenciar os ensinamentos da Boa Nova de Jesus. Nesse caso, a alternativa mais eletiva para o homem intelectualizado do século XXI é o Espiritismo. Livre do fanatismo religioso e das práticas exteriores anacrônicas, comuns nas religiões institucionalizadas, essa doutrina, como Verdadeiro Cristianismo, resgata a essência dos ensinamentos de Jesus, sendo capaz de responder a todos os questionamentos sobre a razão do nosso sofrimento na Terra e o destino radiante que nos espera, se soubermos pautar a nossa existência conforme os seus postulados. Portanto, em qualquer situação ou faixa etária que possamos nos encontrar, se for o nosso desejo sincero um melhor aproveitamento desta existência, recordemos o apóstolo Paulo (Efésios 4:22-24), que nos convida para deixar morrer o homem velho, cheio de iniquidades, e permitir o nascimento do homem novo, repleto de ideais nobres.

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