Geraldo Pereira
TRAZ FELICIDADE?
Um clássico estudo de 40 anos atrás dá força à tese de que ter muito dinheiro não faz ninguém mais feliz. O trabalho, junto com alguns outros, passou a embasar a crença de que ter muito dinheiro não é lá uma grande coisa. As pessoas mostravam que rapidamente adaptam suas expectativas sobre o que as faz felizes, não importa a nova condição financeira. Por isso, o barulho que um novo trabalho vem fazendo este ano entre economistas ao dizer o contrário. Ao entrevistar ganhadores de loterias não encontraram um bando de desanimados. Na verdade, os sortudos não podiam estar melhor.
PERFIL
Não é que pesquisadores anteriores nunca tenham encontrado milionários felizes ou relatos de bem-estar entre pessoas prósperas. A questão é que quase sempre os estudos restringiam-se a mostrar apenas que quem tem mais dinheiro também é mais satisfeito com a vida. O trabalho é mais detalhado, revelando como a satisfação com a vida aumenta na proporção do aumento da riqueza. O estudo só foi possível porque os autores convenceram os organizadores da loteria a fornecer os dados de cada ganhador, não importa o prêmio, de duas loterias nacionais ao longo de 17 anos. No total, foram 4.820 ganhadores de um prêmio total de US$ 277 milhões.
CAUTELA, SIM!
Os pesquisadores também verificaram que, ao contrário do que diz a crença popular, os sortudos não gastam todo o dinheiro de uma vez e logo ficam sem nada. Ao contrário, gastam aos poucos e muitos deles continuaram trabalhando, só se aposentaram antes. Como é impossível perder tudo, as pessoas também têm menos do que se arrepender – e menos depressão, etc. – mais tarde. Mesmo assim, pelo tamanho das amostras, 4.820 pessoas contra 22 de quarenta anos atrás, o estudo mais recente é um forte argumento a favor de que, com mais dinheiro, somos mais satisfeitos com a vida.
SE FOSSE VOCÊ?
Não quer dizer que você não pode ser feliz com menos dinheiro ou que basta aumentar as reservas para tudo melhorar. Mas para você e para todo mundo, a segurança financeira ajuda a auto-estima. Menos inseguros, somos mais felizes.