Os porquês de nossas vidas

Rogerio Azevedo

Nos dias atuais, todos nós vivemos aflitos, devido à velocidade dos acontecimentos e das informações, que muitas vezes, não conseguimos processar. Por mais que tentemos nos organizar, ficamos com a sensação de que sempre estamos atrasados para as atividades que nos propomos executar. E assim, o nosso estado emocional passa a ser caracterizado por uma ansiedade doentia, que nos propõe repensar o que Jesus teria dito, no evangelho de João (16:33), “Eu lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo”.

Para que possamos compreender o significado real do evangelho é necessário maturidade e muita reflexão, pois, todas as palavras de Cristo tinham em si a pureza daquele que nos serve de modelo, guia e exemplo de perfeição na Terra (questão 625 de “O livro dos Espíritos”). Porém, como o processo de compreensão passa pelo nosso raciocínio e pelo nosso sentimento, temos dúvidas em compreender o porquê de nossas dificuldades e aflições, sendo que todos temos nossas próprias limitações de compreensão dos mecanismos da vida.

Vivemos em um mundo complicado, geralmente cercado por pessoas difíceis e constantemente somos surpreendidos por problemas que nos convidam ao desequilíbrio, nos levando a um estado de angústia quase permanente. É provável que nossos sentimentos tenham mais influência em nossa forma de proceder do que o nosso raciocínio. Por isso, novamente, nos perguntamos: “Por que comigo?”, diante das dificuldades que encontramos pelo caminho.

Como poderia, Jesus, ter dito: “…tenham ânimo.”? Seria falta de sensibilidade para conosco? Um momento motivacional de sua parte? Na verdade, Jesus, na sua capacidade infinita de compreensão das dores humanas, anteviu tudo aquilo que nos está destinado, se fizermos a nossa parte. A dificuldade real, para nós, é compreender que somos parte integrante do processo de melhora de nossas próprias vidas, que todo processo de aprendizado demanda esforço, dedicação e perseverança. Porém, a compreensão em si é edificada no solo da nossa maturidade emocional, que via de regra, é consolidada na luta diária (observada na passagem da Oração Dominical, “…o pão nosso de cada dia dá-nos hoje…”), e assim, como, muitas das vezes, faltam-nos o entendimento e a maturidade, pois, preferimos adotar o caminho mais fácil. Aceitar que não somos capazes de nos melhorar, que muito tempo já se passou, que não sabemos por onde começar, ou talvez, que dê tanto trabalho, que é melhor ficar como está. Lembremo-nos de Paulo, ainda Saulo, a encontrar Cristo, na sua viagem de Damasco, a dar-se conta de qual era o verdadeiro caminho a ser seguido, teve a única postura que lhe cabia, sem hesitar, perguntou: “O que queres que eu faça?”. Nenhum porquê encontraremos em sua pergunta, apenas a expressão máxima de alguém que aceitou seu papel perante a vida, compreendendo que Cristo era o caminho a verdade e a vida, através de seu exemplo de comportamento ético e moral. E assim, também nós, deveríamos adotar uma postura semelhante quando compreendermos nossos equívocos na convivência com o próximo.

Provavelmente o questionamento mais prudente a se fazer seria: “Por que não comigo?”. Quantos de nós, verdadeiramente, estaríamos dispostos a ouvir com os ouvidos da alma a resposta real? Quantos abriríamos a alma a Cristo para se fazer instrumento de sua mensagem na vida, mesmo tendo a certeza de que a caminhada será difícil? Todos devemos ser portadores de uma mensagem de alegria e esperança, num mundo que até o momento nos oferece apenas o prazer imediato, mas dificilmente chega a saciar a nossa alma. Estejamos certos de que Cristo nos espera para as grandes decisões de nossas vidas, e também a semelhança do apóstolo dos gentios, possamos, de coração aberto, esquecer as justificações dos porquês, e sim, perguntar, com nossa alma, a Cristo, em nossas orações, “O que queres que eu faça”, e a semelhança de Paulo, compreendermos que a tarefa também depende de todos nós.

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Rogério Azevedo, engenheiro, palestrante espírita, coordenador da Mocidade da USE – Piracicaba

 

 

 

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