Criada para destacar o talento e a criatividade de pessoas em situação de rua, a mostra Bem-te-vi será aberta hoje, 4, às 14h, no hall do Centro Cívico. A exposição reúne obras produzidas por pessoas atendidas no Centro Pop (Centro de Referência da População em Situação de Rua), que participam das oficinas de pintura realizadas no local. O evento conta com apoio das secretarias municipais da Assistência e Desenvolvimento Social (Smads) e da Ação Cultural (Semac).
Ao todo serão expostas 35 obras de 30 artistas, produzidas com tinta acrílica em telas de papelão. Entre os trabalhos, destacam-se imagens de pássaros, paisagens e pinturas abstratas. A curadoria é de Rafael Gonzaga, Jefferson Margutti e Raquel Schramm.
“A exposição é uma oportunidade para o público apreciar a arte e, ao mesmo tempo, aprender sobre as dificuldades enfrentadas pelas pessoas em situação de rua. Cada suporte dessas pinturas não é por acaso; exemplo disso é o papelão que, além de absorver a tinta acrílica, é também um material utilizado para aquecer as pessoas em situação de rua”, explica Gonzaga.
A mostra é resultado das oficinas de pintura elaboradas pelo projeto Bem-te-vi e acontecem semanalmente no espaço do Centro Pop, visando a oportunidade de expressão, desenvolvimento de habilidades e talentos. Os trabalhos poderão ser vistos até o dia 31/05, de segunda a sexta, das 8h às 16h. O Centro Cívico fica na rua Antônio Corrêa Barbosa, 2.233, Chácara Nazareth.
RECOMEÇO – O projeto nasceu do encontro entre dois artistas que perceberam que a recuperação de um usuário de substâncias psicoativas só pode acontecer por meio da ajuda e doação mútua entre aqueles que desejam estar “limpos”, assim, as oficinas visam construir uma relação afetiva dos usuários do serviço, com sua interioridade, colocando em perspectivas, suas identidades.
O nome Bem-te-vi, por se tratar de um pássaro, tem significado particular para as pessoas que vivem ou viveram a adicção ativa, isto é, estão no uso de substâncias químicas que alteram sua consciência e afetam seu cotidiano: quando o pássaro canta nas manhãs, ele nos lembra que o mundo está nascendo. “Para alguém que passou um ou dois dias fazendo uso dessas substâncias, tentando esquecer o mundo, este canto é aterrorizante, no entanto, quando se está limpo, este mesmo canto ganha contornos completamente novos, ele nos lembra que o mundo está nascendo e, com ele, uma nova oportunidade de recomeço”, conclui Gonzaga.