Planejamento Familiar – Saúde capacita 100 profissionais sobre a nova lei

Marcela Buoro é enfermeira e coordenadora do Centro Especializado em Saúde da Mulher, o CESM -01. Credito: Felipe Poleti/CCS

 

Trabalho também focou o combate à violência contra a mulher na cidade; atividade integra programação em celebração ao Dia Internacional da Mulher

 

Cerca de 100 profissionais de saúde da rede de Atenção Básica participaram de capacitação sobre a nova Lei do Planejamento Familiar (14.443/22), no auditório da Cevisa (Centro de Vigilância em Saúde),terça (7), como parte da programação da Prefeitura de Piracicaba em celebração ao Dia Internacional da Mulher (8 de março) e que terá diversas ações gratuitas.

A capacitação aconteceu em duas turmas, divididas nos períodos da manhã e tarde, e conforme lembrou Marcela Enedina Furlan Buoro, enfermeira e coordenadora da Saúde da Mulher no município, o momento é ideal para se tratar da recente alteração da Lei de Planejamento Familiar – que entrou em vigor no último dia 4 de março. “É um avanço significativo para os direitos reprodutivos, sobretudo das mulheres, ampliando o acesso aos métodos contraceptivos, principalmente na realização da laqueadura durante o parto, já que não se faz obrigatório ter cesarianas sucessivas anteriores para que seja contemplada com o método. Outro grande avanço é a desobrigatoriedade da autorização do cônjuge para a realização de laqueadura ou vasectomia, conferindo maior autonomia ao indivíduo”, destacou.

Segundo contou a coordenadora de enfermagem do Departamento de Atenção Básica (DAB), Tatiana Bonini, a violência contra as mulheres é complexa “e as unidades de saúde fazem parte da rede de atendimento que realiza acolhimento, escuta qualificada, atendimento e exames diagnósticos, dando suporte e encaminhamentos que se fizerem necessários para outros pontos de atenção, incluindo o aborto previsto em lei”.

Na oportunidade, também foram apresentados dados locais sobre a violência contra a mulher em Piracicaba para reforçar aos profissionais da saúde a importância da atuação deles como um dos instrumentos na proteção e acolhimento dessas mulheres.

Conforme dados extraídos do “Mapa da violência: uma análise de dados coletados na Delegacia de Defesa da Mulher de Piracicaba no ano de 2019”, coordenado por Simone Seghese e Natalie Destro, o perfil do autor da violência contra mulher é de idade entre 25 e 44 anos (80% dos casos), é branco (58%) e a maior parte das vítimas já teve ou tem relacionamento amoroso com o agressor. Trinta por cento dos cadáveres de feminicídio são encontrados no domicílio das vítimas; A região norte do município, e logo em seguida a região do Oeste, são as que mais registram boletins de ocorrência dos fatos.

Outros dados apresentados por Marcela e que reforçam a importância da luta pela preservação dos direitos e segurança das mulheres foram extraídos de estudo publicado pelo Ipplap (Instituto de Pesquisa e Planejamento de Piracicaba) em 2020. Este documento mostra que a maior incidência dos casos de violência contra a mulher acontecem nos meses de março, agosto e outubro (nos anos de 2015 a 2019), comumente aos domingos à noite; 70,5% das vítimas são mulheres brancas e 28,6% são mulheres pretas e pardas; a idade das vítimas, em sua maioria, é entre 31 a 40 anos; os crimes mais comuns contra a mulher são: Ameaça (41,4%), Calúnia/injúria/difamação (31,7%), Lesão Corporal/maus tratos (20,9%), dano (3,8), crimes sexuais, assédio e estupro (0,7%).

“Ser vítima de violência pelo simples fato de ser mulher é inadmissível. A desigualdade entre gêneros ainda permeia nossa sociedade e é por isso que lutamos por reestruturação social, livre de machismo, visando a garantia dos direitos básicos de ir e vir das mulheres. Políticas públicas robustas são imprescindíveis para que o Município melhore esses indicadores”, destacou Marcela Buoro.

 

 

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