Pandemias: como estar atentos e preparados para a próxima?

Jose F. Höfling,

 

O custo de uma pandemia já foi demonstrado para nós, seres humanos, nesses últimos anos…tivemos todos, contaminados ou não, uma ideia do que é estar sobre o manto de uma doença dessa natureza cujas consequências são avassaladoras para os humanos que habitam este planeta, culminando em muito sofrimento e centenas de milhares de mortes em vários países…perdas familiares que não tem mais volta. Aprendemos alguma coisa? Ou vamos esquecer como fizemos com tantas outras? Espero que não…contágios tão graves como o COVID-19 ou piores poderão prevalecer se não estivermos atentos em relação à saúde pública global e, em nosso país, em particular…antes do SARS-COV-2 terminar sua longa turnê pelo alfabeto grego, depois do ômicron viria o pi, rho, sigma, tau, etc., devemos ou deveríamos estar com o nosso exército de providências da Saúde preparados e incrementados cientificamente e tecnologicamente, pondo em prática os sistemas básicos de saúde necessários para detectar novos surtos microbianos e tecnologias que permitam vacinar e produzir medicamentos eficazes para minimizar os efeitos desses microrganismos junto aos seres humanos, principalmente em países de baixa e média renda. Podemos fazer, então, uma analogia com incêndios florestais…enquanto existir focos de incêndios isolados, o fogo permanece e pode começar um novo incêndio, muitas vezes em proporções maiores…

Como dizem por aí… a próxima vez pode ser pior… As pré-condições para tais desastres tem sido solidamente estabelecidas cientificamente, quando levamos em conta uma série de fatores que não somente contribuem para tais acontecimentos, como se tornam propulsores importantes para o estabelecimentos de várias doenças…o aquecimento global, megacidades, migração em massa, viagens e mudanças de habitats (lugares onde se mora), tufões, e furacões… estão, sem dúvida, entre os fatores pelos quais essas doenças se intensificam, além claro do descaso para com a saúde… tornando-se parte de nossas vidas. Índices globais de mensuração na área da Saúde, tem demonstrado que no mínimo 200 países não estão preparados – de nenhuma forma – para lidar com futuras epidemias e surtos pandêmicos, o que demonstra a fragilidade de todos nós para enfrentar toda a sorte de doenças, particularmente as epidemias e pandemias. Mais uma vez se pode dizer, com certeza, que a pobreza não é bom nem pra rico nem para pobre… muitas vezes recusando-se a tratar as doenças como uma ameaça comum à vários segmentos da população deste planeta, que exige uma resposta unificada de todos, o “cada um por si continua prevalecendo”, se esquecendo que “o buraco é muito mais em baixo”… ou seja, o que afeta alguns poderão afetar a todos. Estar pronto para uma nova pandemia ou novas cepas (amostras conhecidas de microrganismos) que poderão nos hospedar como uma arma biológica fora de controle, exigirão, sem dúvida nenhuma, novos arsenais de ferramentas de vigilância e drogas, bem como uma vacina “universal” que possa combater qualquer cepa do microrganismo.

Ter a posse de vacinas disponíveis com longa vida útil, ajudaria, sem dúvida, aliviar a desigualdade da distribuição de doses em todo o planeta, minimizando as “desigualdades” já mencionadas. O aparecimento e ainda permanência do COVID-19 entre nós brasileiros e em outros países, acho que serviu como demonstração dolorosa de que a saúde pública é “tão essencial como o exército”, se não, pelo menos deveria…se pensarmos nos custos exorbitantes do exército, podemos, sem dúvida, constatar que com muito menos aplicado à   saúde, poderia evitar a perda global de milhões de vidas e um golpe econômico avassalador. E vejam só…foi estimado que por 60 centavos de dólar por ano, para cada pessoa no planeta, nós poderíamos atualizar os programas nacionais de preparação para pandemias em todo mundo…muito menos do que o preço de um único submarino novo de mísseis balísticos, e isso poderia evitar a perda global de milhões de vidas e um golpe econômico de trilhões de dólares… como diria alguém… é o fim da picada!

Depois de tanto sofrimento e conhecimento das premissas que levam a, particularmente, pandemias e/ou surtos de doenças como SARS, Ebola, Zika,etc., não é possível que essas calamidades não sejam traumáticas o suficiente para ensejar uma reformulação coerente dos sistemas de saúde em todo o mundo…mortes por COVID-19 mundiais, quase que equivale à população da Noruega…e a pandemia ainda está entre nós! Apenas quando atentarmos para a real importância da saúde para as populações deste planeta, pelos formuladores da política pública mundial, particularmente em nosso país, principalmente as mais necessitadas, com a perda de centenas de milhares de seres humanos de todas as cores, gêneros e idade, ao invés de um novo contrato para submarinos nucleares, é que poderemos evitar os efeitos das epidemias e pandemias mundiais tão nocivas à nossa sobrevivência neste planeta. O conhecimento e a ciência são sem sombra de dúvida os pilares de nossa existência neste pedaçinho de terra de cada um…

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Jose F. Höfling, professor colaborador da FOP/Unicamp

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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