Jardim Boa Esperança completou 40 anos

Barjas Negri

O loteamento Jardim Boa Esperança foi um dos dois núcleos habitacionais implantados em Piracicaba por meio do Programa de Financiamento de Lotes Urbanizados (Profilurb), criado nos anos 1970-1980 pelo antigo Banco Nacional de Habitação (BNH). Seu objetivo foi atender famílias de baixa renda com oferta de lotes urbanizados com algumas melhorias, como as redes de água, de esgoto e de energia elétrica.
O BNH, então, financiava um lote para dar melhores condições de vida às famílias de baixa renda que, devido ao intenso processo de urbanização das cidades uma parcela acabava se instalando nas periferias em locais chamados “favelas”. Lá elas construíam os seus em barracos de madeira, na intenção de mais tarde transformá-los numa casa de tijolos pelo sistema de mutirão.
O prefeito nessa época era João Herrmann Neto, que teve como sucessor José Aparecido Borghesi. A Coordenadoria de Habitação era ocupada pelo engenheiro Paulo Romero e Silva. Eles conseguiram a aprovação de dois núcleos – Boa Esperança e Novo Horizonte – com a vinda de recursos para a aquisição dos terrenos, a implantação da infraestrutura e a construção de um banheiro em cada lote, melhorando as condições urbanas e de saneamento em relação às favelas.
A região escolhida para o Jardim Boa Esperança foi na Vila Sônia, no distrito de Santa Terezinha, em área em expansão devido ao interesse dos trabalhadores da lavoura canavieira, da construção civil e da economia informal.
No começo tudo foi muito difícil e o projeto era novidade para a Prefeitura, seus técnicos e para os moradores. Mas, ao ser concluído beneficiaria 650 famílias. Concluída a infraestrutura, rapidamente os barracos foram construídos e quem tinha um pouco mais de recurso já dava início à construção do embrião de sua casa em alvenaria.
Com o tempo foi criada uma associação de moradores do novo bairro Jardim Boa Esperança que com trabalho, organização e persistência foi pressionando a Prefeitura para conseguir outras melhorias: iluminação pública, asfalto, linhas de ônibus, centro comunitário, área de lazer entre outras.
Anos mais tarde, o bairro conquista a construção da Escola Estadual Carlos Martins Sodero, para atendimento da 1ª à 4ª séries. Essa escola é reconstruída e municipalizada em 2014. Posteriormente, em 1991, os moradores ganham uma creche municipal Nair Libardi. O atendimento de saúde era na Unidade Básica da Vila Sônia. Mas em 2001 implanta-se no bairro a Unidade de Saúde da Família (USF) e uma casa alugada até que em 2007 foi construída uma sede própria pela nossa gestão na Prefeitura.
Com o desenvolvimento da região da Vila Sônia, a Prefeitura dá uma atenção especial e instala novos equipamentos sociais: pronto-socorro, moderno terminal de ônibus, a Policlínica, áreas de lazer, academias de ginásticas, espaços esportivos. Essa região da cidade desenvolveu-se muito e também foi criado um bom centro comercial, beneficiando direta e indiretamente o Jardim Boa Esperança.
Vale ser destacado que em todo esse período o bairro contou com o trabalho comunitário da Madalena, importante porta-voz dos moradores, que por seu carisma e ações sociais elegeu-se vereadora para o mandato 2017/2020. Com isso, ela ampliou seus trabalhos sociais e conquistou mais melhorias públicas para toda região. Lamentavelmente, em abril de 2021, ela foi brutalmente assassinada, deixando um vazio de liderança no bairro e muita saudade, porque ao longo dos últimos 40 anos do Jardim Boa Esperança tem muito do trabalho da Madalena.
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Barjas Negri, ex-prefeito de Piracicaba

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