Como os Espíritos se comunicam no mundo espiritual?
(Alvaro Vargas, Eng. Agrônomo-Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita)
Nos planos espirituais mais elevados, nos quais não há necessidade da palavra nem de sons articulados, a linguagem dos Espíritos é o pensamento, transmitido por ondas magnéticas. Conforme Allan Kardec (O Livro dos Médiuns, cap. XIX, item 225), “os Espíritos não têm necessidade de comunicação verbal para serem compreendidos por outros Espíritos, e todos eles percebem o pensamento que desejamos lhes comunicar”. Entretanto, considerando o atrasado moral da maior parte dos habitantes da Terra, comumente as almas que deixam a roupagem humana não se desvinculam imediatamente da linguagem articulada, acompanhada de gestos e expressões, exatamente como a utilizavam quando estavam reencarnados. A medida em que evoluímos e nos afastamos das faixas espirituais vibratórias mais densas, empregamos com mais constância um estágio mais elevado de comunicação, a telepatia. Durante o encontro com os espíritos Moisés e Elias, materializados no Monte Tabor, Jesus manteve com eles a maior parte do seu diálogo na forma mental (NEVES, W. Encontros com Jesus. Pelo espírito Yvonne Pereira, cap. 14).
Allan Kardec (Revista Espírita, abril de 1859) cita que “a palavra articulada é uma necessidade de nossa organização no mundo material. Como os Espíritos não necessitam de vibrações sonoras para lhes ferir os ouvidos, compreendem-se pela simples transmissão de pensamento, assim como por vezes acontece que nos entendemos por um simples olhar”. Segundo o Espírito André Luiz (XAVIER, F. C. e VIERA, W. Evolução em Dois Mundos. Segunda parte, cap. II), “nos planos espirituais de grande sublimação, nos quais os desencarnados possuem elevados recursos de riqueza interior, pela cultura e pela grandeza moral, conseguem plasmar, com as próprias ideias, quadros vivos que lhes confirmem a mensagem ou o ensinamento”. Contudo, a nossa evolução ocorre de forma gradativa, e regressamos ao mundo espiritual, no mesmo nível intelecto-moral em que nos encontrávamos quando encarnados. “Ainda que reconheçamos que a imagem está na base de todo intercâmbio entre as criaturas encarnadas ou não, é forçoso observar que a linguagem articulada no chamado espaço das nações, é ainda utilizada pelo homem comum, quando é transferido para essas regiões imediatamente após desligar-se do corpo físico”. (André Luiz, op. Cit.). Assim como no mundo material existem os limites geográficos dos países, no plano espiritual, as fronteiras das nações também são delimitadas, permitindo as almas desencarnadas reencontrarem aqueles que os precederam, comunicando-se em seu idioma pátrio. Apenas os Espíritos muito evoluídos é que conseguem, imediatamente após a morte física, atingir os planos mais elevados e utilizar a telepatia para se comunicarem.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Espírito André Luiz (XAVIER, F. C. Os Mensageiros, cap. 18, pp. 97 a 100), ao visitar Campo de Paz, um centro de recolhimento e tratamento de almas que fracassaram moralmente na Terra, foi informado de que, após reiteradas assembleias dos mentores espirituais, foi decidido remover a metade dos desencarnados naquela guerra, transferindo-os para os núcleos espirituais do continente americano. Foi uma deliberação necessária para não sobrecarregar ainda mais a atmosfera espiritual da Europa, devido às vibrações de revolta e ódio, geradas pela conflagração bélica. Naquela oportunidade, mais de 400 almas, vítimas da guerra e com nacionalidades diferentes, foram recolhidas pelos atendentes de Campo de Paz, que enfrentavam dificuldades para se comunicarem devido ao desconhecimento dos idiomas. A solução encontrada foi que, para cada grupo de cinquenta infelizes, as colônias espirituais do Velho Mundo forneceriam um enfermeiro-instrutor, com quem eles se entendiam diretamente. Os enfermeiros “europeus”, serviam, portanto, de intérpretes junto aos enfermos, médicos e enfermeiros do nosso continente.