Alvaro Vargas
O Espiritismo tem trazido muitos esclarecimentos acerca de nosso sono e o que acontece quando dormimos, explicando que a nossa alma pode se desprender parcialmente do corpo e entrar em contato direto com o mundo espiritual. Nesse “desdobramento” podemos ser transportados para os planos mais elevados onde existem cidades bem organizadas com centros de pesquisas e universidades que permitem a continuação de nosso processo evolutivo (moral e intelectual), mas se a nossa conduta for pautada por sentimentos inferiores podemos pela sintonia mental ser atraídos para as regiões do umbral. Mesmo que não nos recordemos do que ocorreu nessas viagens astrais (seria uma carga de informações que poderia tirar o nosso foco nas experiências durante o dia), a essência dos conhecimentos adquiridos surge em nosso cérebro humano na forma de intuição sempre que nos deparamos com alguma decisão importante. Além disso, todo conhecimento adquirido é mantido em nossa mente espiritual (que é eterna) e quando regressarmos para a erraticidade (desencarnação), teremos plena consciência sobre tudo o que aprendemos nos dois planos da vida. Considerando que passamos quase um terço de nossa existência “dormindo”, melhor então ter um sono “inteligente”, ou seja, aproveitar a oportunidade da viagem astral para visitar os planos espirituais mais elevados e evoluirmos.
Estas explicações trazidas pelo espiritismo servem também para aliviar as saudades que sentimos dos entes queridos que já regressaram para a pátria espiritual, pois além da certeza de que os laços do amor são eternos, temos a consciência de que podemos encontrá-los e conversar com eles durante a noite da mesma forma quando estiveram reencarnados entre nós. Na verdade, muitas vezes nos lembramos mesmo que vagamente destes reencontros com parentes e amigos que vivem no mundo espiritual e para nós, quando despertamos, fica a impressão de sonhos agradáveis. Entretanto é importante sabermos dar valor relativo aos sonhos já que as informações e sensações que captamos tanto podem ser originadas das viagens astrais ou serem apenas reflexos de situações já vivenciadas em outras reencarnações e que estavam armazenadas em nosso inconsciente profundo, migrando por alguma razão para o nosso consciente. De forma similar, as situações de nosso interesse diário podem ocasionar impressões em nossa mente que se refletem durante a noite na forma de sonhos (geralmente sem cronologia, fatos de ordem profissional ou familiar). Por esse motivo querer atribuir algum significado aos sonhos quando despertamos é muito difícil pois tanto podem ter a sua origem em fatos relacionados com as atividades diárias, como também acontecimentos ligados as nossas reencarnações pregressas ou experiências no mundo espiritual.
Infelizmente a maioria dos indivíduos se encontra preso às sensações inferiores (vícios, egoísmo, sensualidade, violência etc.) e a expansão da alma nesse caso estabelece uma aproximação maior com os espíritos inferiores originando um processo obsessivo. Nessa sintonia doentia surgem as obsessões crônicas que podem ser de difícil recuperação, resultando ao despertarem em crimes, suicídios, desvios de conduta etc., sendo que os sintomas mais comuns dessa obsessão são a insônia e o mau humor, além da sensação de esgotamento físico. Felizmente a maioria desses casos pode ser resolvido através de um trabalho de desobsessão em um centro espírita. Entretanto, a forma mais sensata de neutralizarmos a interferência dos espíritos obsessores é a nossa transformação moral através da vivência dos postulados cristãos. Temos o livre arbítrio de escolher os nossos pensamentos, mas a sintonia a ser estabelecida será conforme direcionarmos a nossa mente. Portanto, para uma noite com uma emancipação da alma de forma saudável devemos seguir à recomendação de Jesus que nos orientou a vigiar os nossos pensamentos e atitudes e a orar.
Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo, Ph.D., presidente da USE Piracicaba, palestrante e radialista espírita