Luiz Guilherme Dias
Já não é de hoje que os especialistas em finanças pessoais alertam sobre o desperdício de tempo e dinheiro que significa deixar dinheiro parado em poupança e alternativas semelhantes de renda fixa. Uma série de mudanças macroeconômicas transformaram este porto seguro cultural do brasileiro muito mais em uma tradição passada de geração para geração do que em um ato resultante de uma análise baseada em fatos.
Mas ao mergulhar um pouco mais no tema é possível entender por que este comportamento equivocado ainda é tão forte. A educação, por exemplo, tem um papel fundamental. Por não ter recebido conhecimento acadêmico sobre os princípios básicos de economia e finanças, o brasileiro médio não tem condições de entender as variáveis que impactam nas opções mais rentáveis de investimento. O desconhecimento é a base de todo o medo.
Uma opção natural para romper a falta de conhecimento seria recorrer ao suporte profissional, representado por gerentes de bancos, corretores e outros experts no assunto que oferecem seus serviços por meio de instituições financeiras das mais variadas origens. Mas aí aparece outro tipo de medo. Um medo mais ligado à famosa cultura brasileira de levar vantagem em tudo. Afinal, como acreditar que a orientação recebida de um gerente para fazer este ou aquele investimento não corresponde mais ao seu desejo de bater metas e receber comissões do que a um desejo de que o investidor obtenha o melhor resultado?
Estes dois medos e mais outros que poderíamos listar formaram ao longo do tempo uma barreira praticamente impermeável separando as pessoas dos benefícios oferecidos pelo mercado de ações.
Felizmente o uso da Inteligência Artificial que vem sendo massificado em praticamente todas as atividades econômicas também se faz cada vez mais presente neste segmento e já abriu um furo no casco do medo de investir.
Essa tecnologia aliada à experiência, sensibilidade e visão de especialistas em mercado de capitais permite superar a falta de conhecimento do brasileiro por meio da elaboração de relatórios de perfis distintos, com o objetivo de iluminar as rotas, sinalizar perigos e obstáculos, para indicar rumos mais seguros e rentáveis às pessoas.
Robôs dotados de poderosos algoritmos colocam os cenários à disposição com simulações na ponta do lápis e assim reduzem significativamente o receio da orientação malandra e contaminada por interesses pessoais de terceiros.
O resultado é que a liquidez dos investimentos começa a penetrar no navio da insegurança. Em 2019 o número de investidores pessoa física no mercado de renda variável quase dobrou. Até o mês de dezembro, a B3 contabilizava mais de 1,6 milhão de CPFs cadastrados. Em 2018, os investidores pessoa física eram apenas cerca de 813 mil.
A cada dia as notícias sobre os resultados conquistados por investimentos feitos com ajuda da inteligência artificial provocam invasão em volumes maiores comprometendo cada vez mais a estrutura de medo reinante até pouco tempo.
De acordo com uma análise do Credit Suisse Group AG (CS) os fundos gerenciados por estratégias de negociação computadorizadas já são a categoria que mais cresce e dobraram sua participação em apenas uma década.
São fatos que associados à chegada de uma nova geração sedente por inovação e aberta a riscos calculados permite prever o desaparecimento do medo de investir do brasileiro para os próximos anos.
Sem dúvida essa é uma boa notícia para a economia do país. O naufrágio do medo de investir será seguido por ondas de crescimento maiores do que as vistas até o momento.
Luiz Guilherme Dias, CEO da Sabe Invest