Com a meta de testar 550 animais, a Secretaria de Saúde de São Pedro, por meio da equipe de Controle de Endemias, deu início neste mês à ação chamada de Inquérito Canino para Leishmaniose Visceral. O bairro São Tomé é o primeiro a receber a visita dos agentes.
Segundo Matheus de Melo Murbach, médico veterinário do Controle de Endemias, por conta da alta população canina, do aumento de novos casos da leishmaniose em cães e a própria procura dos moradores, a região do bairro São Tomé foi escolhida para o início desse levantamento epidemiológico.
“Os agentes passarão de casa em casa, orientando e efetuando coleta de sangue dos cães para realização de exames diagnósticos. Estes serão realizados em duas etapas: a primeira por meio do teste rápido no laboratório de referência regional e a segunda no laboratório central em São Paulo; ambos do Instituto Adolfo Lutz”, disse Murbach, ao ressaltar a importância do apoio da população. “A única forma de saber se os cães estão infectados é por meio desses exames específicos de laboratório”.
A aposentada Aparecida Donizete Severino já perdeu dois cachorros com a doença e parabenizou o trabalho da equipe. “É muito importante receber esse tipo de conhecimento e, principalmente, prevenir essa doença”. O mecânico Romário de Oliveira, dono da Pandora, também falou da ação. “Além do cuidado, é muito bom ter conhecimento sobre o assunto”, disse.
O veterinário explica que a leishmaniose não tem cura e que o único tratamento autorizado pelos órgãos competentes, com o Milteforan, objetiva somente o controle da carga parasitária no organismo do animal. “Mesmo com a medicação, há a necessidade do uso constante da coleira repelente do mosquito, uma vez que a carga parasitária pode voltar a aumentar e o animal tornar-se novamente transmissor da doença, além da possibilidade do retorno dos sintomas. Ainda é necessário constante acompanhamento médico veterinário”, disse.
CASOS – Em São Pedro, os primeiros registros da doença ocorreram em 2007 e persistem até hoje. Segundo dados do Controle de Endemias, nos últimos 15 anos, foram identificados 464 cães positivos. “Esses animais foram diagnosticados graças às notificações feitas por veterinários particulares, solicitações diretas dos responsáveis ou no trabalho de inquérito canino desenvolvido pela Secretaria de Saúde”.
Murbach explica que o vetor da doença (mosquito-palha) existe em todos os bairros da cidade, porém, locais como o Palú, Novo Horizonte, Dorothea, Nova Estância, Mariluz I, II e III, Jardim Botânico I e II, Jardim Botânico 1000, Campos do Jardim Botânico, Horto Florestal, Jardim São Pedro, Santa Mônica, Portal das Flores, Vale do Sol, Colinas de São Pedro, Nova São Pedro 1 e 2 são considerados com maior concentração de casos caninos positivos. “Até o momento não foi registrado caso humano da doença em São Pedro”.
A DOENÇA –A Leishmaniose Visceral (LV) é uma doença grave causada por um protozoário transmitido para pessoas e cães por meio da picada de um inseto (vetor) muito pequeno, conhecido como “mosquito palha”. Esse mosquito costuma picar ao entardecer e durante a noite.No ciclo da doença, o inseto pica um cão doente – portador do protozoário – e depois pica uma pessoa saudável, que também pode desenvolver a doença. Sem o inseto, não há transmissão da doença. Portanto, a melhor prevenção é evitar a proliferação do mosquito palha.
O animal infectado pode adoecer logo ou demorar meses para apresentar sintomas. Além disso, todos os cães infectados, mesmo aqueles sem sintomas aparentes, são fonte de infecção para o inseto transmissor e um risco para saúde. Os sintomas nos animais são emagrecimento, queda de pêlos, crescimento das unhas, descamação da pele, fraqueza, feridas no focinho, orelhas, olhos e patas. No caso dos humanos, os sintomas são febre durante muitos dias, perda de peso, fraqueza, anemia e aumento do fígado e baço. Em casos graves podem ocorrer sangramentos. O diagnóstico e tratamento para os humanos estão disponíveis na rede de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS).
PROTEÇÃO AOS CÃES – O médico veterinário explica que a primeira medida preventiva é a utilização da coleira repelente para leishmaniose, instrumento com resultado bastante eficaz para afastar o mosquito. Outra medida preventiva, segundo ele, é fiscalizar o ambiente onde os cães vivem, removendo folhas secas, frutas podres no chão, pedaços de madeira, fezes de animais. “É preciso remover os restos de matéria orgânica que funcionam como criadouros do mosquito transmissor, que também prolifera nas proximidades de galinheiros e viveiros de aves. Um clínico veterinário também pode informar sobre vacina”. Em caso de dúvidas ou suspeitas da doença em cães, o Controle de Endemias atende pelo telefone (19) 3481-9370.