A corrida armamentista e as religiões

Alvaro Vargas

 

Existem nove países no mundo que possuem cerca de 15.000 armas nucleares, sendo os Estados Unidos da América (EUA) e a Rússia os detentores de 80% deste arsenal bélico. Este arsenal nuclear causa grande preocupação devido ao seu poder de destruição existente hoje, pois uma bomba de hidrogênio chega a ser equivalente a centenas de vezes as bombas atômicas que destruíram as cidades japonesas em 1945. Recentemente, foi realizado na universidade de Princeton uma simulação por computador utilizando as informações de vários especialistas, na qual foi estimada que um conflito nuclear entre os EUA e a Rússia, provocaria 34 milhões de mortos e mais de 57 milhões de feridos em menos de cinco horas, com a agravante dos efeitos da radiação atômica se perdurarem por muito tempo. Embora a ocorrência de um conflito nuclear acarrete a destruição das partes envolvidas, evidente que existe o risco de um conflito desta magnitude devido ao atraso moral de nossa humanidade. O espírito Amélia Rodrigues (médium Divaldo Franco – “Quando voltar a Primavera”) cita que em 3.500 anos de História, apenas por menos de três séculos vivemos sem guerras. Além disto, existe a possibilidade de que alguma falha técnica venha a provocar uma guerra atômica.

Eventos ocorridos há poucas décadas confirmam a nossa preocupação. Durante a guerra fria, quando ocorreu a crise entre a antiga URSS e os EUA (16-28 outubro de 1962) ocasionada pelos mísseis nucleares russos em Cuba, essas nações estiveram à beira de um conflito nuclear. Felizmente a diplomacia entre os países envolvidos conseguiu equacionar este impasse. Em outro episódio ocorrido em 26 de setembro de 1983 quase foi iniciado uma guerra também entre esses dois países quando uma falha técnica do sistema de alerta computadorizado indicou um ataque maciço de mísseis americanos contra a Rússia. Felizmente o militar encarregado (Stanislav Petrov) teve bom senso e não aceitou as informações dos computadores.

As religiões no mundo poderiam ter sido mais efetivas na criação de um ambiente mais fraterno entre os homens de modo a evitar as guerras. A mensagem inigualável de Jesus convidando toda a humanidade para a renovação moral, tendo por base o amor incondicional ao próximo, não tem sido divulgada de forma fidedigna devido as limitações humanas que elaboraram as religiões institucionais com dogmas que ferem a razão e tem sido objeto de descrença e desilusão. De fato, há mais conflitos bélicos devido a questões religiosas do que por razões políticas e no “Índice Geral da Paz” (2012) é mostrado que os países menos religiosos tem sido os menos violentos. A razão para isto é a interpretação equivocada da essência dos ensinamentos de Jesus ao longo dos séculos associada à violência e ao egoísmo humano que tem provocado inúmeras guerras, desde as nove campanhas bélicas contra os mulçumanos (Cruzadas, 1095-1492) e uma série de guerras entre as nações ditas cristãs na Europa. Embora não tenham sido de cunho religioso, as duas grandes guerras mundiais no século passado que causaram mais de 110 milhões de mortos demonstram o fracasso das religiões institucionalizadas em cristianizar a nossa sociedade.

Jesus previu que a intelectualidade do homem o faria compreender a Sua mensagem de amor, e no momento preciso o Consolador (João, 14:26) foi transmitido à humanidade (Livro dos Espíritos, 1857). O estudo dessa e das demais obras de Allan Kardec permitem a compreensão da justiça Divina que se faz pela reencarnação, trazendo o consolo pela compreensão de como ocorre a lei de ação e reação. A proposta espírita na fé raciocinada resgata a essência dos ensinamentos de Jesus e é capaz de mudar às atitudes humanas, eliminando gradativamente o orgulho e o egoísmo, dando lugar a vida saudável entre as pessoas. Eventualmente a doutrina dos espíritos será crença mundial ampliando os laços de fraternidade entre todas as nações e abolindo definitivamente as guerras em nosso planeta.

 

Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita

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