Fortalecer uma cultura antirracista para transformar o Brasil!

Adelino de Oliveira

Em encontro histórico, em Piracicaba, lideranças do movimento social e político do Estado de São Paulo reafirmam os compromissos do PT com a luta contra o racismo no Brasil. Uma política antirracista precisa dar conta do enfrentamento da violência institucional e social contra os homens e principalmente as mulheres negras, sobretudo em relação às populações mais pobres e que vivem na periferia das nossas cidades.
A persistência ainda hoje dessa violência, principalmente a policial e das demais estruturas de poder, é inaceitável e deve ser motivo de indignação e ação por mudanças. O fortalecimento dessas lideranças negras é vital no processo de resistência por parte da sociedade e para a formulação de políticas públicas a partir dos parlamentos e dos demais poderes constituídos.
Neste contexto, o PT tem compromisso com a renovação e com a busca constante por uma nova representatividade na política, que contemple a diversidade de gêneros e racial, com a presença efetiva de candidaturas de homens e mulheres negras, como garantia da presença efetiva da pauta antirracista.
A exclusão dos negros e negras é evidente quando se olha para os espaços de poder, trabalho e educação. É fundamental reverter essa situação, para que os negros ocupem, na proporção da população do Brasil, espaços na universidade, no mercado de trabalho formal e qualificado, inclusive em postos de comando, e também na política, nos parlamentos municipais, estaduais e federal, e em postos do poder executivo.
A luta é para mudar a realidade do país e do Estado de São Paulo, a partir de políticas públicas afirmativas efetivas, a começar, neste momento, pela defesa intransigente não só da manutenção, mas da ampliação do alcance da Lei de Cotas raciais.
A pauta do antirracismo inclui questões de classe e de acesso a direitos sociais e econômicos, o direito à terra, ao trabalho, à saúde e à educação. Da mesma forma, se compromete com a preservação ambiental, com a agroecologia e a agricultura familiar, visando ao acesso de todos à alimentação digna e saudável. O compromisso é com uma agenda de Justiça Social e Ambiental, de respeito e em defesa dos direitos humanos.
Trata-se também de lutar contra a precarização das condições de trabalho que afeta toda a população pobre e em especial os jovens negros e negras.
Afirmamos o propósito de que esse debate tenha continuidade, com o envolvimento de outras lideranças e pré-candidatas e pré-candidatos negras e negros em todo o Estado de São Paulo, inclusive com a constituição de um Fórum Permanente de Diálogo e Lutas Contra o Racismo.
Nesta perspectiva, essa nota é uma primeira manifestação, aberta a outras contribuições, com o objetivo de estimular a reflexão e a elaboração de propostas concretas a serem incorporadas pelo nosso partido.
Temos também o desafio de aprofundar o diagnóstico sobre o racismo estrutural no Brasil, no Estado de São Paulo, e em nossas cidades, o que permitirá quantificar e qualificar o problema.
Registramos com a alegria a presença e contribuição neste encontro do historiador, militante e liderança do movimento negro piracicabano Noedi Monteiro, que se dispôs a compartilhar conosco suas reflexões.
Ao buscar a unidade das lideranças negras do PT esperamos contribuir para que este debate seja ampliado tanto internamente no partido como na sociedade brasileira. Vamos juntos superar a invisibilidade que se pretende impor ao povo negro, uma violência escandalosa e inadmissível.

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Adelino de Oliveira, professor do Instituto Federal de São Paulo – Piracicaba; Adélia Farias, agricultora e agrônoma em Araras; Luiz Cláudio Marcolino, vice-presidente da CUT São Paulo; Paolla Miguel, vereadora do PT em Campinas; e Thainara Faria, vereadora do PT em Araraquara

 

 Adelino de Oliveira, Adélia Farias, Luiz Cláudio Marcolino, Paolla Miguel e Thainara Faria.

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