Educação militar para quem quiser

Pedro Kawai

 

A educação sempre esteve muito presente na agenda do meu mandato. Quem acompanha minhas redes sociais sabe disso. Percorro, quase que diariamente, várias escolas públicas, e tenho a chance de, também, conhecer a experiência de muitas unidades particulares, da pré-escola, ensino médio, técnico-profissionalizante e superior.

Essa verdadeira peregrinação, não se dá apenas porque me identifico com o ambiente escolar, ou porque, na condição de vereador, tenho o dever de fiscalizar as ações do Executivo e de propor melhorias, especialmente para os próprios públicos. Trata-se de uma convicção, porque sempre compreendi que apenas a educação pode ser capaz de melhorar a sociedade. É um valor pessoal, uma herança ancestral.

Pois bem, quando soube da polêmica em torno da possível implantação de uma escola cívico-militar em Piracicaba, decidi pesquisar melhor o tema e ouvir as partes envolvidas para formar opinião a respeito.

Pessoalmente, não sou contra que Piracicaba tenha uma escola militar, até porque as Forças Armadas e as corporações militares são um patrimônio importante da nação, que nos protege enquanto país, e como cidadãos. Aliás, nunca ouvi alguém se manifestar contrariamente à instalação dos tiros de guerra nas cidades, que são – guardadas as devidas características -, uma unidade militar que também produz conhecimento e instrui jovens no início da fase adulta. Eu próprio fiz o Tiro de Guerra e guardo muitos ensinamentos que lá obtive.

Porém, a discussão sobre as escolas cívico-militares ganhou tons partidários e se tornou objeto de um acalorado debate, não pelo conteúdo, mas pela forma. Não se questionou, por exemplo, a grade curricular dessas escolas, seus projetos pedagógicos, os critérios para a contratação de professores, tampouco as condições necessárias para o ingresso dos estudantes nessas unidades.

Em Piracicaba, a fracassada audiência pública realizada em uma escola estadual da Vila Sônia, revelou a falta de habilidade do governo municipal em não dialogar previamente com a comunidade escolar, com a Câmara de Vereadores e outras entidades representativas ligadas à educação. Foi a fórceps, e o resultado não poderia ser outro, senão a rejeição, pela quase totalidade dos presentes. E, assim, também poderá ocorrer, em outras possíveis audiências, se é que serão realizadas, tendo em vista o ocorrido.

Em parte, a rejeição da escola cívico-militar pode encontrar explicação, pela forma impositiva com que a ideia vem sendo disseminada nas cidades. Poucos anos atrás, o projeto da escola sem partido também não prosperou por motivos semelhantes.

Como afirmei anteriormente, não acredito que a proposta de se ter uma escola para a formação militar seja ruim, assim como também não sou contra escolas religiosas, de idiomas, musicais, de artes, técnico-profissionalizantes e tantas outras. Ao contrário, entendo que todas elas são absolutamente necessárias para a nossa sociedade. Contudo, não há como ser favorável ao modelo proposto para a escola cívico-militar em Piracicaba, pois pela sua própria importância, deveria ser construída ou implantada, exclusivamente para esta finalidade, e não através da adaptação ou adequação do modelo já existente.

As escolas cívico-militares não devem ser objeto de manipulação política ou ideológica, porque os nossos estudantes são seres humanos e não peças de laboratório. Não há como experimentar um modelo por um determinado período e, depois, dizer que não deu certo. O fracasso custa caro na vida das pessoas.

Defendo sim, que a implantação de uma escola cívico-militar em Piracicaba e, em qualquer outra cidade brasileira, seja realizada de forma coerente, racional, sem conotação político-partidária. Mais que isso, entendo que sua adesão deva ser uma opção dos pais e dos estudantes, e não uma imposição governamental ou um ato político.

A educação das nossas crianças e adolescentes não pode ser moeda de troca ou recurso eleitoral. Essa disputa entre campos ideológicos opostos divide a sociedade, enfraquece a democracia e dissemina ódio, intolerância e violência. Isso sim sou contra!

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Pedro Kawai, vereador em Piracicaba pelo PSDB

 

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