Carolina Angelelli
Recentemente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE divulgou que a população brasileira chegou a 213,3 milhões de habitantes. A data de referência é 1º de julho de 2021.
Munidos deste primeiro número, vamos agora examinar como se compõem nossas classes sociais: 47% da população brasileira pertence à classe baixa e também 47% pertence à classe média.
O levantamento foi realizado e divulgado pelo Instituto Locomotiva, que considera como classe média famílias com renda mensal por pessoa de R$ 667,87 a R$ 3.755,76.
TODOS IGUAIS, MAS UNS MAIS IGUAIS QUE OS OUTROS
Longe dos clichês, é claro que somos todos iguais e os apontamentos do Instituto Locomotiva reafirmam a maior proximidade entre a classe média e a classe baixa: o estudo identificou que o percentual da população brasileira pertencente à classe média brasileira caiu de 51% em 2020 para 47% em 2021. Em números absolutos, este estrato social representa 105 milhões de brasileiros.
SABE O QUE ISSO SIGNIFICA?
Que ambas as classes sobrevivem do seu trabalho.
Notoriamente, a crise econômica e sanitária afetou o mercado de trabalho e empurrou 4,9 milhões de brasileiros da faixa intermediária de renda para a classe baixa.
PENSE GLOBALMENTE
Mais uma informação considerável: o Brasil é o 9° país com mais desigualdade social no mundo. Os dados são da Síntese de Indicadores Sociais, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, com base nos parâmetros do Banco Mundial.
AJA LOCALMENTE
Faltando poucos dias para o Natal, em companhia de amigos, fui a uma comunidade piracicabana realizando uma ação solidária que distribuía panetones e doces. Circuitos comuns pra mim! Mas, uma imagem me chocou e fiz o registro fotográfico: uma “venda” no meio da “quebrada” expunha em seu balcão um pote repleto com alças de chinelos de dedo disponíveis à venda. Chinelos velhos e desgastados ainda recuperados…
CONTEXTUALIZANDO
Essa imagem voltou a minha mente nesta semana, devido à polêmica envolvendo o Padre Júlio Lancelotti – reconhecido defensor social, e o apresentador Marcos Mion.
Padre Júlio fez duras críticas ao apresentador que se exibiu em um de seus programas calçando um tênis de aproximadamente R$ 90 mil reais. Para o Padre, o ato significou “total falta de noção da realidade brasileira”. Mion, respondeu que os tênis foram doados por patrocinadores para que ele fizesse propaganda.
SENTIMENTOS
É este contraste social que nos machuca. Assistir que a grande maioria da população brasileira não está representada na política, na televisão, em novelas, filmes, no jornalismo, nos cargos de maior poder e prestígio social.
AGORA VAMOS VOLTAR AO TÍTULO DESTE ARTIGO!
Então, sabendo quem você é socialmente, eu te pergunto: claro que você depende do seu trabalho pra sobreviver, não é mesmo?
Diante disso, por que votar em representantes que estão distantes da sua categoria social? Por que votar em candidatos que não possuem compromissos com a defesa e a manutenção dos seus direitos?
QUEM TE REPRESENTA?
O Brasil é uma Democracia Representativa, ou seja, você vota e elege políticos para defender suas causas.
QUAIS SÃO AS SUAS CAUSAS?
Votamos em candidatos porque confiamos neles a missão de melhorar a nossa vida. A esperança é o mais bonito sentimento da política.
E BRIZOLA TINHA RAZÃO
Em 22 de janeiro, nós comemoramos o centenário de nascimento de Leonel Brizola. Indiscutivelmente reconhecido, inclusive, no cenário internacional, como um eficiente administrador público, para homenageá-lo, publiquei um vídeo da década de 80 que é absolutamente necessário neste momento e ainda muito atual. Compartilho com vocês um trecho:
“Nós não podemos ter um governo que se mostre insensível ao sofrimento do povo e adote toda uma linha administrativa, uma política, que a rigor não está levando em conta o que se faz ao ser humano. Não há Brasil sem ser humano, não há Brasil sem o povo brasileiro.
E eles estão querendo transformar o Brasil numa empresa, que pode demitir seus empregados para enxugar a sua economia privada, particular. O Brasil é uma nação e sua economia é uma economia pública. Só tem razão de ser só se se destina, se fizer o bem-estar do povo. Não adianta ter economia sem déficit público, uma economia equilibrada, se a maioria do povo brasileiro está pobre e morrendo de fome.
Pra que que serve?”
PÚBLICO X PRIVADO
Não há qualquer semelhança entre as gestões públicas e privadas.
Quando se propõe que o gestor privado, ou empresário, traga a cultura empresarial para a gestão pública, é fundamental ponderar que a gestão governamental não pode abrir mão da construção de acordos, de escolhas fundamentadas no interesse público e de decisões que busquem diminuir conflitos e se aproximar do consenso.
Da mesma maneira, é importante também reforçar que nos dias de hoje os políticos não podem ignorar e dispensar o conhecimento técnico ao embasar suas propostas e justificar suas escolhas.
LEVANTE A SUA BANDEIRA E OCUPE O SEU ESPAÇO
Agora que você já sabe quem você é socialmente, fica mais fácil identificar quem poderá representar suas causas. Fica mais fácil identificar compromissos e votar consciente.
DEIXA CLAREAR
É parte de nossa atuação como ativistas iluminarmos os debates políticos. Vamos conhecer as pautas e o posicionamento de cada candidato.
Confio na inteligência do nosso povo! Chega de elegermos políticos que não apresentem projetos viáveis. A realidade é uma só: a falta de projetos públicos destrói vidas e biografias.
Precisamos abrir ouvidos e mentes. Afinal, a esperança é o sentimento político mais bonito.
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Carolina Angelelli, presidente do PDT de Piracicaba