Os miseráveis em um mundo desigual

José Osmir Bertazzoni

 

Deparamo-nos com informações que, nos dois primeiros anos da pandemia, os 10 homens mais ricos do mundo mais que dobraram suas fortunas, de US$ 700 para US$ 1.500 bilhões, a uma taxa de US$ 15.000 por segundo, US$ 1,3 bilhão por dia. No mesmo período, 163 milhões de pessoas caíram na pobreza como resultado da pandemia.

Mais trabalho, menos direitos e a economia acima da vida humana, como pensa e trata Jair Messias Bolsonaro e seus seguidores.

Oxfam, órgão internacional que pesquisa a desigualdade social no mundo, nomeou a atual situação vivida pelos brasileiros e outros países do mundo como “A pandemia da desigualdade”, publicado na segunda-feira, 17 de janeiro. O tema refere-se a uma elite composta por mais de 2.600 super-ricos, cujas fortunas (riqueza agregada líquida) aumentaram, desde o início da emergência da Covid-19, mais de 5.000 bilhões de dólares em termos reais. Todos os números do relatório referem-se aos primeiros 21 meses da pandemia.

Em direção oposta, “os mais pobres do mundo, até o momento, esses 10 super-ricos têm seis vezes a riqueza dos 3,1 bilhões de pessoas mais pobres do mundo, ou 40% da população mundial. E mesmo que o valor de suas fortunas caísse 99,993%, eles ainda seriam mais ricos do que qualquer cidadão colocado entre os 99% mais pobres da população mundial.”

Como exemplo, esclarece: “Apenas para Jeff Bezos, o número um da Amazon, com faturamento decolou com a Covid-19, a Oxfam calcula um “excedente de capital” nos primeiros 21 meses da pandemia de 81,5 bilhões de dólares, o equivalente ao custo estimado da vacinação (duas doses e reforço) para toda a população mundial.”

No relatório da Oxfam, os monopólios detidos pela Pfizer, BioNTech e Moderna permitiram obter lucros “de US$ 1.000 por segundo e criar cinco novos bilionários”. Ao mesmo tempo, “menos de 1% de suas vacinas chegaram a pessoas em países de baixa renda.” A porcentagem de pessoas com COVID-19 que morrem do vírus nos países em desenvolvimento – relata a ONG – é cerca do dobro dos países ricos.

Segue a ONG: “A pandemia também atingiu mais as mulheres, que perderam US$ 800 bilhões em renda em 2020. Ainda assim, enquanto o emprego masculino mostra sinais de recuperação, estima-se que 13 milhões de mulheres a menos estejam empregadas até 2021 do que em 2019.”

Todos os dias, a Oxfam recebe pedidos de socorro, a organização social juntando-se com outras têm colaborado com o pouco que conseguem e compartilham ajudas com esforços pessoais também dos seus membros, no instinto de ajudar quem mais precisa, conquanto a organização sente-se impotente diante de tantas famílias que sofrem o dissabor da falta de trabalho, renda e solidariedade, desta forma o mundo se aprofunda na miséria humana.

Como podemos acreditar em uma nação cujos filhos se preocupam mais com a desgraça alheia do que as conquistas coletivas? O egoísmo vertido pela política nefasta do atual governo macula a sensibilidade de compartilhar o pão e impõe odiar os que não concordam com sua perseguição ideológica.

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José Osmir Bertazzoni, jornalista, advogado; e-mail: [email protected]

 

 

 

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