
“Rua dos Ferroviários, casa número 10” foi escrito por Cecílio Elias Netto há mais de três décadas. Um romance nunca publicado. E só agora, aos 81 anos, o escritor oferece aosleitores essa história, que entrelaça ficção e suas memórias de adolescente.
O livro soma-seao conjunto de publicações do ICEN – Instituto Cecílio Elias Netto.Editado por Patrícia F. Elias, tem projeto gráfico e ilustrações de Simone Palma. O lançamento virtual acontece nesta quarta (15), quando o livro é disponibilizado gratuitamenteno website “A Província” – acesso pelo linkhttps://www.aprovincia.com.br/icen/publicacoes/projetos-publicacoes-icen-21135/.
O livro “Rua dos Ferroviários, casa número 10” foi contemplado pela Lei Federal de Emergência Cultural Aldir Blanc, no contexto do ProAC SP, no eixo “Prêmio por Histórico de Realização em Literatura” (Edital ProAC LAB no 50/2020).
SILÊNCIOS — O autor Cecílio revela um pouco do contexto do livro: “Há mais de 30 anos, comecei a escrever este livro. Concluí-o, mas escondi-o de mim mesmo. Pois nada do que eu vivera, nada do que me revelara tanta harmonia e paz, nada daquele encantamento – nada daquilo eu escrevera. Era uma outra história com os mesmos personagens. E, então, para mim, senti que eu tentara desvendar os silêncios da casa número 10, os seus segredos e, talvez, até mesmo os mistérios. Este livro incomodou-me seriamente quando cheguei a seu término. Senti – e ainda sinto – ter profanado um sonho. E, então, se o profanei, foi por ter sido, ele, muito mais um sonho do que a realidade. Será? Por que o fiz? Mesmo tendo sido sonho, não seria mais sábio tê-lo conservado vivo em minhas memórias?”
A PROVÍCIA — O livro será disponibilizado, gratuitamente, no site “A Província”. Reunindo conteúdo cultural e histórico, com foco na preservação e difusão da memória de Piracicaba e região – o website“A Província” foi criado por Cecílio no início dos anos 2.000. [ www.aprovincia.com.br ]
Um pouco mais sobre o romance, nas palavras do autor, registradasno prefácio do livro:
“A casa número 10. Ela existiu. E, nela, aconteceram-me dias totalizantes de minha vida. Foi num tempo de muitas dores e lágrimas familiares, de indagações, de perdas. […]
Nessa minha infância de tantos contrastes, eu era levado, nas férias, à casa dos meus tios, “a casa número 10”, na rua onde residiam os ferroviários. Pequenina, humilde, pobrezinha, aquela casa – em meio a tantas dores que nos haviam atingido – era um oásis onde a criança e, depois, o adolescente conheceram a quase inacreditável alegria e leveza de viver de seus moradores, meus tios e primos. De tão simples, revelava-se um ninho. E, naquela rua, todas as dores e sofrimentos eram escondidos, como se houvesse um pacto entre aquelas famílias: viver amorosamente, apesar de tudo!
O menino e o adolescente nunca quiseram questionar o que de real ou fictício havia em tudo aquilo. A casa número 10 – em seus longos dias de férias – tornara-se-lhe o lugar no e do mundo onde nada de mal ou de feio poderia acontecer. Tudo parecia rescender a amor, a respeito, a solidariedade. E, no entanto, havia silêncios intrigantes, longos silêncios durante os quais cada um dos familiares parecia isolar-se em si mesmo. […]
Depois destas décadas todas, ‘Rua dos Ferroviários, casa número 10’ vem a público. E não sei se era esse mesmo o seu destino, mesmo porque, ainda hoje, não creio existam destinos. Aconteceu que este livro – escondido entre os meus guardados – acabou por ser reconhecido pelo PROAC, estimulando, assim, a sua divulgação. Agora, ele aí está. E já não sei mais o que, nele, há de realidade, de ficção. Essa, aliás, a pergunta sem resposta: ‘A arte imita a vida; a vida imita a arte?’ Que o eventual leitor possa responder.”
SERVIÇO- Rua dos Ferroviários, casa número 10 Lançamento virtual (disponibilização de acesso ao público), no dia 15 de dezembro, quarta-feira. Link para acesso livre: https://www.aprovincia.com.br/icen/publicacoes/projetos-publicacoes-icen-21135/
O projeto foi contemplado pela Lei Federal de Emergência Cultural Aldir Blanc, no contexto do ProAC SP, no eixo “Prêmio por Histórico de Realização em Literatura” (Edital ProAC LAB no 50/2020)