Caldeirão Político

ANAIS — I
Tem sido muito proveitoso ao cidadão piracicabano acompanhar as sessões ordinárias da Câmara Municipal. Uma aula de política local acontece sempre nelas – e o piracicabano mais tedioso pode encontrar ali até um bom divertimento, para além de acompanhar as ações de indiscutível importância de nosso legislativo, é claro!

 

ANAIS — II
A reunião da última segunda (13), por exemplo, entra literalmente para o mais fundo dos anais da Câmara – podendo ser considerada folclórica ao longo do tempo. Não faltaram embates, aplausos, risos, ofensas, brigas, palavrões, polícia e outros tantos pitorescos atrativos que este Capiau, já idoso e cansado, não poderia deixar de compartilhar.

 

GALERIA — I
Lotada, a galeria da Câmara, mais uma vez, fez a diferença na sessão. Em pauta, projetos importantes como o da reforma administrativa da própria Câmara Municipal – o que justifica a abundante presença nas confortáveis cadeiras da galeria do plenário da massa de servidores da Câmara. Estavam ali para pressionar os nobres edis pela ultra-veloz aprovação da reforma, o que é normal.

 

GALERIA — II
Tem sido notório a este Capiau o fato de que, quando a galeria da Câmara abunda de gente, os nobres edis têm jogado com a torcida e aprovado, em aclamação e sob aplausos, as pautas de interesse dos que se encontram por ali. Foi assim com o projeto referente aos servidores e servidoras municipais, foi assim anteontem – com a presença dos servidores da Câmara.

 

APROVAÇÃO
O que também foi abundante no processo de aprovação da reforma administrativa da Câmara foi a velocidade supersônica que os servidores e servidoras conseguiram formular, produzir e aprovar a reforma que queriam. Com as bênçãos também abundantes da Mesa Diretora da Casa, a reforma foi aprovada em tempo recorde.

 

VELOCIDADE
Única entre seus pares a questionar a velocidade em que o processo se deu – a toque de caixa –, a vereadora Rai de Almeida (PT), sem fugir dos temas espinhosos, não jogou com a torcida. Pelo contrário, questionou duramente o projeto e apontou sérios pontos de incongruência e de problemas no texto. Colocando-se a favor dos servidores e de uma reforma, Rai foi contra a velocidade que o processo e afirmou que o texto não poderia ser aprovado como estava. Mas, com isso, colheu críticas, incluindo vaias.

 

ABUNDA
Sobre outro tema espinhoso da noite, foi a vez do vereador Paulo Campos (Pode) trazer um pouco de descontração e leveza à sessão – que visivelmente se encaminhava para momentos de grande tensão. Ao pedir aos seus pares que votassem pela aprovação de requerimento de sua autoria, solicitando a realização de uma audiência pública sobre o convênio com o governo do estado sobre a merenda, o vereador disse que quanto mais debates melhor – e completou jocosa e sabiamente: o que abunda não atrapalha!

 

UM VOTO
Contra o requerimento do vereador Paulo Campos (PODE), o líder do governo na Câmara, sempre gentil vereador Josef Borges (SD), disse que muito debate e muita informação poderiam atrapalhar as discussões sobre a questão do convênio relativo à merenda. Indicando como a base governista deveria votar, o nobre vereador pediu que o requerimento fosse rejeitado. Não foi. O requerimento foi aprovado apenas com um voto contrário – o do próprio vereador. O que falta?

 

“NÃO, JOSEF”
O vereador Josef tem se esforçado para defender o governo como pode – e esse é seu papel. No entanto, às vezes parece que sobram uns exageros. Por exemplo, após precisa apresentação de um Projeto de Lei sobre agricultura local, feita pela secretária Nancy Thame(PV) aos edis, o líder do governo subiu à tribuna para, a seu modo, novamente apresentar o projeto e defender o que já estava mais do que garantido. Ato contínuo, o vereador Trevisan (PL) levou as mãos à cabeça e deixou escapar em alto e bom som o seu lamento sertanejo: “Não, Josef! Não!”

 

BRIGA
A briga entre o sindicalista José Osmir Bertazzoni e os vereadores Trevisan e Polezzi continua e ganhou cenas ainda mais novelescas na segunda. Na galeria da Câmara, o pessoal do Sindicato dos Municipais reagia à fala desses vereadores e dirigiam a eles frases indecorosas que foram dando à noite um clima de faroeste caboclo. Advertidos a todo momento pelo presidente Gilmar Rotta, seguiram em provocação mútua.

 

IRRITADO
Visivelmente irritado com o rumo da sessão, o presidente da Casa soltou até um palavrão – o qual este Capiau, por decoro, não reproduzirá aqui (apenas informando que o palavrão lembra o “orra”, usado sem problemas pelos paulistanos do bairro da Mooca, por exemplo). Está desculpado o nobre vereador Gilmar, sempre no equilíbrio. Ninguém merece ter te apartar briga entre famílias. “Orra” (…).

 

PONDERADO
O vereador Gustavo Pompeo (Avante) também já havia sido vítima de uma voz bradada na galeria e que imputava ao vereador, indecorosa e violentamente, uma condição que aludia a uma postura de subserviência sexual a outro homem – expressão que deve ter causado horror aos conservadores de plantão. O que alguns fofoqueiros contaram a este Capiau é que alguém da galeria teria dito algo não agradável ao vereador (…). Ponderado, mostrando sabedoria política, o vereador nada respondeu. Ótimo.

 

FOGO
Quando a reunião corria madrugada adentro, os presentes à sessão ouviram novamente ribombar na galeria da Câmara outro tipo de provocação duvidosa, como um “te pego lá fora” ou coisa assim, que teria sido dirigido novamente ao vereador Gustavo Pompeo (Avante). Corretamente, o vereador pediu um “pela ordem” e informou ao Presidente que estava sendo ameaçado. Era o fogo no parquinho que faltava.

 

POR AQUI
O Capiau para por aqui… espaço terminou e é melhor deixar para amanhã, com os ânimos mais refrescados. Há tantos detalhes e fica mais fácil registrar que, no ninho tucano de Piracicaba, os candidatos, em 2022, serão mesmo Rô Camolese para deputada federal e o vereador Pedro Kawai para deputado estadual. PSDB local tem bom sonho: ambos são fiéis (leia-se ex-prefeito Barjas Negri).

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