Arborização Urbana e Segurança Alimentar são temas que estão conectados. Entre as ações para mitigar a fome e a insegurança alimentar no país, o implemento de árvores frutíferas nas cidades pode ser uma boa alternativa para auxiliar na melhoria da qualidade alimentar e nutricional, inclusive das pessoas em situação de rua.
A arborização urbana é composta pela vegetação que forma a paisagem urbana, com praças, parques, jardins, bosques e árvores isoladas. Assim, há diferentes tipos de arborização: de parques e jardins (os parques são representados por grandes áreas abundantemente arborizadas e os jardins e as praças são espaços destinados ao convívio social); de áreas privadas (corresponde à arborização de jardins particulares); nativa residual (consiste em fragmentos florestais presentes na área urbana); de ruas e avenidas (compreende toda a arborização de acompanhamento viário).
Ou seja, são áreas verdes e arborizadas de ruas e avenidas, em locais públicos ou particulares, naturais ou plantadas, que estão dentro da cidade. Quando realizada de maneira apropriada, seguindo critérios técnico-científicos e respeitando as características locais (clima, solo, fitogeografia e infraestruturas urbanas), a arborização urbana traz diversos benefícios para a comunidade e para o ambiente.
De acordo com a Declaração Universal de Direitos Humanos, a Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) é a “garantia de condições de acesso aos alimentos básicos, seguros e de qualidade, em quantidade suficiente, de modo permanente e sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais”.
Um direito de todas as pessoas, a Segurança Alimentar e Nutricional está ligada à práticas alimentares saudáveis, à qualidade dos alimentos, às condições ambientais para a produção, ao desenvolvimento sustentável, à qualidade de vida da população, à disponibilidade do alimento, à permanência de acesso ao alimento de qualidade, à segurança socioeconômica, à qualidade sanitária do alimento e a vários outros aspectos sociais, culturais e econômicos.
AUTONOMIA – A SAN também busca garantir uma existência digna, o desenvolvimento integral e a autonomia para o acesso ao alimento. Implementada a partir de políticas públicas, ela ajuda a combater a fome e as vulnerabilidades alimentares da população.
Entre os benefícios que as árvores frutíferas podem trazer para as cidades, estão: servem de abrigo e alimento para a fauna, principalmente para aves e insetos; servem de alimentação para população humana; contribuem com o embelezamento da cidade; proporcionam bem-estar físico e psíquico ao ser humano, com a redução do estresse psicológico e são fontes de conservação ambiental e de biodiversidade.
Além disso, favorecem a infiltração da água no solo; absorvem parte dos raios solares; atenuam o impacto direto dos ventos, das gotas da chuva sobre o solo e da erosão; amenizam temperaturas, aumentam a umidade, a permeabilidade e a fertilidade do solo; amortecem a velocidade dos ventos; fornecem sombra; diminuem a poluição do ar e a poluição sonora.
Entretanto, há algumas ressalvas: árvores com frutos muito pesados, grandes ou escorregadios podem causar danos em veículos, ferimentos em pedestres, ciclistas e motociclistas. Além disso, muitos frutos caídos podem causar um cheiro desagradável de podridão, devido aos processos naturais de deterioração e podem causar obstrução de calçadas, canteiros e encanamentos. Em certas épocas de frutificação, a grande atividade de insetos pode também causar transtornos.
Outros problemas podem ser causados pela arborização urbana sem planejamento e sem manutenção, como interrupções no fornecimento de energia elétrica; quebra de calçadas e muros; diversidade reduzida de espécies; uso exagerado de espécies exóticas e poda periódica que desestabiliza o vegetal, ocasionando alto índice de tombamentos e queda de galhos.
ESPÉCIES FRUTÍFERAS – A melhor configuração de distribuição de espécies frutíferas nas cidades, com vistas à mitigação dos efeitos da fome e da insegurança alimentar, é por meio da implantação de árvores com frutos grandes e pesados em áreas verdes que não apresentem tanto trânsito de pessoas, como parques, praças e bosques, mas que, ao mesmo tempo, tenham acessibilidade. Já as espécies com frutos pequenos podem ser alocadas em ruas e vias públicas. Para tanto, planejar e monitorar a arborização urbana é uma etapa fundamental para que projetos que envolvam espécies frutíferas sejam bem-sucedidos.
Os principais cuidados necessários ao selecionar uma determinada espécie arbórea para a arborização urbana incluem observar a capacidade de adaptação da espécie e sua taxa de sobrevivência e desenvolvimento no local do plantio, e considerar algumas características particulares de cada espécie, tais como: porte, tipo de folhas, copa, flores, tipo de frutos ou ausência de frutos, tipo de raízes e o hábito de crescimento delas, ausência de princípios tóxicos, adaptabilidade climática, resistência a pragas e doenças, tolerância a poluentes e a baixas condições de aeração do solo.
Desse modo, um planejamento prévio, baseado em conhecimentos já estabelecidos, e uma manutenção adequada, periódica e técnica, podem trazer um equilíbrio entre os aspectos artificiais e naturais das cidades, o que resulta num ambiente urbano mais agradável.
SERVIÇO – Material produzido por estudantes de Licenciatura em Ciências Agrárias, da ESALQ/USP, em um trabalho de produção de Campanha Educativa para a disciplina de Comunicação e Educação. Mais informações podem ser obtidas no Instagram: @educaalimentacao.