Alvaro Vargas
Em meados de dezembro de 1989, na Sibéria, um grupo de geólogos russos, fizeram um poço de 14.000 metros de profundidadee afirmaram terem ouvido lamentações que vinham do centro da terra, pedindo água e misericórdia. Segundo esses cientistas, após essa perfuração ter atingido uma temperatura de 1.093 ᵒC,alcançaram uma grande cavidade. Ao descerem um microfone projetado para descobrir os sons de movimentos tectônicos abaixo da galeria, em vez de movimentos deplacas,os cientistas escutaram vozes humanas gritando de dor. Esse evento foi publicado por um jornal finlandês(Ammenusasti), e logo a notícia se difundiu em todo o mundocom várias seitas religiosas proclamando que a “porta do inferno” havia sido descoberta.Assumindo que esses fatos são verídicos, podemos analisá-lo conforme a visão espírita.
Allan Kardec (O Livro dos Espíritos, Q-934) quando questionou a respeito de como as informações nos são transmitidas pelo mundo invisível, foi informado pelos mentores espirituais que “no futuro haveria meios mais diretos e mais acessíveis para a comunicação com os espíritos”. No Brasil, pesquisas conhecidas como “transcomunicação instrumental”, amparadas pelo uso de gravadores, telefones e, computadores, têm apresentado resultados importantes na gravação de imagens e vozes do além. Mas essa não é uma prática contida no contexto doutrinário do Espiritismo, necessitando de maior tempo para ser admitida como uma ferramenta realmente útil. Os defensores dessa técnica sugerem que da mesma forma que Allan Kardec utilizou as mesas girantes no início de seus estudos, as quaisnão estavam presas a qualquer filosofia em particular, a transcomunicação instrumental também pode prestar uma valiosa contribuição para o Espiritismo.
A realidade é que, após a morte biológica, as almas deixam o corpo físico, regressando ao mundo espiritual, onde permanecerão um determinado tempo até que possam regressar através da reencarnação. De acordo com o nível evolutivo alcançado, essas almas habitarão planos espirituais elevados, onde prosseguirão trabalhando e estudando, similarmente ao que acontece no plano material. Mas os espíritos de criminosos, pedófilos, traficantes de drogas, políticos corruptos etc., estes podem permanecer um longo tempo nas esferas inferiores, ou seja, uma “região de prantos e ranger de dentes”, conforme mencionou Jesus (Mateus, 13:42). Esses locais estão localizados no interior da crosta planetária, conhecidos como região de trevas e abismos (As sete esferas da Terra, Mário Frigéri). Pelo estado muito materializado desses espíritos, é possível que as suas vozes e lamentos possam ter sido realmente gravados pelos microfones dos geólogos russos, da mesma forma que os experimentos realizados com a transcomunicação instrumental.
O confinamento desses espíritos nessas regiões do interior do orbe terreno tem a finalidade de despertar a sua consciência, endurecida pelos crimes que praticaram. O tempo de permanência é variável, dependendo da elevação moral de cada um. No início do século passado, Jesus permitiu a reencarnação demuitos desses espíritos, que estavam retidos há mil anos, conforme a revelação do apóstolo João (Apocalipse, 20). Com relação à existência do “inferno” conforme apregoado por algumas religiões, o Espiritismo admite que embora existam no além regiões purgatoriais para as almas recalcitrantes no mal, não existem pecados sem remissão. O inferno eterno é apenas uma criação teológica do homem, sem nenhum respaldo nas “Sagradas Escrituras”. Somos responsáveis por todo mal que causamos, masDeus em sua infinita bondade, através da reencarnação, nos permite repararmos as nossas faltas, colhendo sempre os frutos de nossa imprevidência, recompensando-nos sempre pelas boas ações praticadas.
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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo, Ph.D, presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita