Comitiva da Saúde conhece novo método para combate ao mosquito Aedes aegypti

Comitiva em reunião com o professor da Fiocruz, Luciano Moreira – Foto: Divulgação

Tendo em vista o aumento significativo dos casos de dengue em 2021, na semana passada, a Secretaria Municipal de Saúde de Piracicaba enviou comitiva à cidade do Rio de Janeiro para conhecer um novo método para o combate à dengue, Zika, chikungunya e febre amarela urbana por meio de estudos realizados pelo Instituto Fiocruz, com financiamento do Ministério da Saúde. Participaram da comitiva o secretário de Saúde, Filemon Silvano, o subsecretário Augusto Muzilli Jr., o diretor de Vigilância em Saúde, Moisés Taglietta, e o coordenador do PMCA (Plano Municipal de Combate ao Aedes), Sebastião Amaral Campos, o Tom, que foram recebidos pelos representantes e docentes da Fiocruz, Luciano Moreira e Sofia Pinto.

De acordo com o secretário de Saúde, representantes da Fiocruz apresentaram o Método Wolbachia, da WMP (World Mosquito Program), que consiste na liberação de Aedes aegypti com Wolbachia – bactéria presente em cerca de 60% dos insetos, inclusive em alguns mosquitos. No entanto, não é encontrada naturalmente no Aedes aegypti. Quando presente neste mosquito, a Wolbachia impede que o vírus da dengue, Zika, chikungunya e febre amarela urbana se desenvolva dentro dele, contribuindo para redução destas doenças – para que se reproduzam com os Aedes aegypti locais estabelecendo, aos poucos, uma nova população destes mosquitos, todos com Wolbachia. “É um método muito seguro já que não há qualquer modificação genética no método Wolbachia, nem no mosquito nem na bactéria, além de ser economicamente viável”, destacou Filemon.

Para Moisés Taglietta, o projeto é bastante interessante e se enquadra na realidade de Piracicaba. “Seria importante que pudéssemos implantá-lo, já que seu custo é baixo uma vez que é realizado pela Fiocruz, uma instituição sem fins lucrativos e também por ser sustentável. A partir de 60% dos mosquitos infectados pela bactéria, a infecção do restante ocorre de maneira espontânea, sem a necessidade de novas solturas”, afirmou.

Segundo o subsecretário de Saúde, a cidade já manifestou interesse em receber o projeto. “Ficamos entusiasmados com o que vimos e os resultados já obtidos. Agora, nós e a Fiocruz vamos preparar um estudo para enquadrar este projeto à necessidade de Piracicaba e, com isso, caminhar para a formalização da parceria com as ações a serem realizadas e o investimento necessário”, disse o médico Augusto Muzilli Jr.

Tom, que é coordenador do PMCA, reforça a importância de buscar novas ações para o combate à dengue na cidade. “O Projeto World Mosquito Program (WMP) é uma iniciativa sem fins lucrativos, que trabalha com o objetivo de proteger a população das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Sua metodologia é natural, autossustentável e apresenta potencial para alcançar impactos positivos na saúde pública. É importante lembrar que o WMP já existe em 11 países – incluindo Brasil –, principalmente nos que possuem características tropicais onde o mosquito é endêmico. A primeira etapa já foi concluída com nossa visita e o conhecimento do projeto, após, daremos continuidade com os técnicos da Fiocruz, objetivando implantar essa metodologia o mais breve possível em nosso município”.

BRASIL

No Brasil, o método Wolbachia é conduzido pela Fiocruz, financiado pelo Ministério da Saúde, com apoio de governos locais. As ações iniciaram no Rio de Janeiro (RJ) e em Niterói (RJ), em uma área que abrange um 1,3 milhão de habitantes. Em Niterói, dados preliminares já apontam redução de até 77% dos casos de dengue e 60% de chikungunya nas áreas que receberam os Aedes aegypti com Wolbachia, quando comparado com áreas que não receberam.

Atualmente, o projeto está em expansão para Campo Grande (MS), Petrolina (PE) e Belo Horizonte (MG). Na capital mineira, está sendo realizado um estudo clínico similar ao conduzido pelo WMP na Indonésia. A cidade é a primeira das Américas a acompanhar casos de dengue, zika e chikungunya por meio de um estudo clínico randomizado controlado (RCT, em inglês), em conjunto com o Método Wolbachia. Mais informações podem ser obtidas pelo link: https://www.worldmosquitoprogram.org/brasil/sobre-o-metodo-wolbachia.

EFICÁCIA

Estudos publicados recentemente na revista científica The New England Journal of Medicine, os resultados de um ensaio clínico randomizado (RCT, sigla em inglês) apontaram uma redução de 77% dos casos de dengue nas áreas que receberam o mosquito Aedes aegypti com Wolbachia, em Yogyakarta, na Indonésia. Trata-se da mesma técnica utilizada no Brasil pelo Método Wolbachia, iniciativa conduzida no país pela Fiocruz. O estudo também revela redução de 86% das hospitalizações nas áreas tratadas com Wolbachia e a comprovação de que a eficácia do método é equivalente para todos os quatro sorotipos de dengue. O estudo completo pode ser consultado pelo link https://portal.fiocruz.br/noticia/estudo-confirma-eficacia-do-metodo-wolbachia-para-dengue.

CASOS

De acordo com dados da Vigilância Epidemiológica, do dia 1º/01 até sexta-feira, 30/07, foram confirmados 5.006 casos da doença em Piracicaba, com um óbito (homem, com idade entre 80 e 90 anos, morador do Distrito de Tanquinho). No mesmo período de 2020 foram 1.302 casos (sem óbito) e, em 2019, 4.008 casos e duas mortes.

 

 

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