Sobre Razão, Fé e Escolhas Políticas

Adelino Francisco de Oliveira

 

Quais os critérios para que uma escolha seja de fato acertada? Qualquer escolha, sobre qualquer tema. Diante de uma determinada situação, que exige uma tomada de decisão, como escolher? Quais as ferramentas que possibilitam que a decisão tomada seja a melhor? Que a decisão seja aquela que abra e lance para o caminho da verdade? Essa questão não pode ser menosprezada, nem descuidada, pois escolhas ruins, mal ponderadas, trazem consequências também ruins, que afetam a coletividade.

O primeiro ponto é perceber, antes de qualquer tomada de decisão, quais as alternativas que se colocam em questão. Em um contexto onde não há alternativas, também não se tem a possibilidade da escolha e da decisão. Em um sistema autoritário, por exemplo, não existem alternativas. Nesse cenário, ninguém pode escolher nada, pois tudo é previamente decido, por um poder que se impõe de maneira autoritária, impositiva e opressora.

A democracia, em contraposição a um modelo totalitário, pressupõe liberdade de escolha. Se há uma decisão a ser tomada é porque existem múltiplas alternativas, caminhos diversos que podem ser seguidos, mas que conduzem a resultados bons, verdadeiros. O debate político, dentro de uma perspectiva democrática, pode divergir em relação aos meios, mas deve ter sempre como objetivo básico a construção do bem coletivo.

Importante ponderar sobre as ferramentas que permitem discernir sobre qual a melhor decisão a ser tomada. O primeiro ponto a ressaltar consiste na lucidez quanto aos objetivos que se quer alcançar. A justiça e o direito devem estar posicionados como a direção inegociável, o horizonte vislumbrado, a referência básica para toda e qualquer situação. A justiça e o direito devem se constituir como pontos de partida, mas também devem se projetar como metas utópicas de chegada.

As dimensões da razão crítica e também dos princípios e valores que brotam da fé cristã – tendo a caridade como princípio inegociável – apresentam-se como balizas para o julgamento necessário antes de qualquer escolha e tomada de decisão. A razão e a fé são instrumentos fundamentais no processo de ponderação e discernimento, para que a escolha seja pelo melhor, pelo bom, pelo belo, pelo verdadeiro.

A sociedade se encontra novamente diante de uma encruzilhada. Mas ao contrário do que parece, nunca houve dois caminhos. A direção da justiça e do direito segue uma única via, que pode ser identificada quando se faz uso da razão crítica e dos princípios fundamentais da fé cristã. O tempo presente, consubstanciado em um cenário político conturbado, exige apurado discernimento. A razão crítica e os princípios basilares da fé cristã são as ferramentas indispensáveis para que a decisão a ser tomada reflita, de fato, o projeto de um mundo de justiça e de plenos direitos.

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Adelino Francisco de Oliveira, professor no Instituto Federal, campus Piracicaba, Doutor em Filosofia e Mestre em Ciências da Religião; [email protected] ; @Prof_Adelino_; E professor_adelino

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