Linkado com: Lídice Salgot na manifestação artística diante do caos

Foto: Acervo pessoal

Em tempos tão difíceis como os atuais, onde temos que lidar com a pandemia do novo coronavírus e também com o vírus do ódio, da hipocrisia, da mentira sendo propagada em todos os níveis da sociedade e dos disparos de fake news, há quem traga no DNA a resistência e encontre na arte a manifestação criativa diante do cenário de caos. Filha de Francisco Salgot Castillon – prefeito de Piracicaba em 1960 e 1969, que foi cassado pelo AI (Ato Institucional) 5 durante a ditadura militar –, a artista visual Lídice Salgot, 70 anos, é a entrevistada desta edição. Lídice é bacharel em Comunicação Social, habilitação em Publicidade e Propaganda. Atualmente, entre os projetos desenvolvidos, a artista visual tem exercido funções de coordenação, como participante e em alguns, mais pessoais, como proponente e gestora. Confira a entrevista:

Estamos vivendo um dos piores momentos da humanidade, com a pandemia de Covid-19. Qual é a importância da arte nesse momento, especificamente, das artes visuais?

Apesar de uma das áreas mais prejudicadas com a pandemia – uma vez que todas as atividades são muito dependentes de público presencial – a cultura encontrou diversas formas virtuais para não perder a potência de transformar e ajudar fazedores de cultura e o público em geral. Qualquer área da cultura, em especial as artes visuais, tem força para transformar esse momento pandêmico em emoções que vão da alegria a indagações e entendimentos através das diferentes linhas poéticas utilizadas pelos artistas. Seja de contestação ou leveza o trabalho artístico toca o expectador de alguma forma.

Em relação ao negacionismo à ciência, à propagação de fake news, a arte também é um instrumento de retomada à lucidez coletiva?

Com certeza, infelizmente, toda essa situação negacionista, fascista e mentirosa são situações de forte estresse emocional que podem alavancar a criatividade artística e se tornar um instrumento poderoso a lucidez coletiva. Apesar de uma parte da população estar totalmente cega aos desmandos desse governo, a arte pode desvendar esse momento de forma clara e crítica gerando uma lucidez de “rebanho” ironizando, aqui, a forma como o governo se refere à população brasileira.

Você faz parte do Projeto Alma Puída. Como é e até quando as pessoas podem participar?

O projeto é uma forma de dar voz a todos nós que há mais de um ano convivemos com a pandemia do coronavírus, de nos fazer (re) descobrir a vida e (re) analisar nossa existência “puída”. Nada melhor do que se manifestar através da voz, de um áudio contando suas tristezas, perdas, realizações, enfim as emoções vividas. As pessoas podem mandar os áudios, de no máximo 3 minutos, até 29 de agosto através do formulário http://bit.ly/projetoalmapuida ou do telefone: (16) 99608-4295

Sua família viveu um momento muito significativo, na década de 1960, quando seu pai, prefeito de Piracicaba foi cassado pelo AI 5, durante a ausência total da democracia. Como isso te moldou como pessoa? E qual é a lição que fica, para enfrentar os dias atuais?

Sou uma pessoa que sempre tive uma preocupação com as questões sociais, essa forma de pensar e agir foi um ensinamento dos meus pais, em especial meu pai que durante sua gestão na política atuou fortemente para as classes menos favorecidas e bairros periféricos. A lição que ficou para todo sempre é: ditadura nunca mais e lugar de militar é no quartel – independente do ocorrido com meu pai, à cassação e prisão.

SERVIÇO

Instagran @lidicesalgot. Facebook: https://www.facebook.com/lidice.salgot . Casa do Salgot ateliê cultural: rua Gomes Carneiro, 1.042, no Centro. Telefone: (19) 3371-6372. E-mail: [email protected]

 

 

 

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