Adelino Francisco de Oliveira
As mobilizações de 19 de junho reacenderam a esperança de um país que retorna a compartilhar dos mesmos anseios: uma sociedade justa, democrática e profundamente solidária. Tomar as ruas e as praças em plena pandemia, não sendo negacionista, é uma atitude política extrema, de defesa incondicional do direito à vida, lutando pela imunização da população por meio do acesso à vacina.
Esse não é uma questão exclusiva do campo da esquerda. A pauta é civilizatória. A defesa da vida deve ser sempre um tema consensual. Todos, mesmo aqueles com um mínimo senso de cidadania e humanidade, já compreenderam a urgência de dar um basta no amplo processo de destruição que está em curso no país. As pautas urgentes, humanitárias no momento consistem em proteger a população contra a Covid-19 e também não deixar ninguém passar fome.
Agora o país precisa estar unido em torno da defesa intransigente da vida. Não é possível naturalizar a morte de mais de 500 mil pessoas por uma doença que já existe vacina. Vidas sagradas, existências singulares, de pessoas amadas, que se foram por pura negligência, inépcia, ignorância, maldade. A única questão relevante é trabalhar para evitar que mais vidas se percam. A sociedade deve estar inteiramente mobilizada para preservar vidas.
Talvez, enquanto sociedade, tenhamos alcançado o limite mais extremo, quando a morte se torna pura banalidade, quando as palavras justiça, compaixão e solidariedade deixam de ter significado. O país tem sido lançado no mais profundo vazio, sem cidadania nem humanidade. A tarefa irrenunciável de todos nós consiste em resgatar o Brasil para os brasileiros.
A capacidade de construir unidade em torno da luta em prol da democracia, configura-se como a condição básica para se enfrentar e derrotar o neofascismo e o ultraliberalismo, que é serviçal do mercado econômico. Sem abstrações, em linhas gerais, hoje a democracia representa acesso à vacina, segurança alimentar, trabalho com garantias e condições dignas de existência. Essas são as pautas mínimas, fundamentais, que devem estar no centro dos debates e articulações políticas.
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Adelino Francisco de Oliveira, Doutor em Filosofia. Mestre em Ciências da Religião; professor no Instituto Federal, campus Piracicaba; [email protected] ; @Prof_Adelino_ ; professor_adelino