Alvaro Vargas
De acordo com o Espiritismo, fomos criados por Deus como espíritos simples e ignorantes, e reencarnamos continuamente de modo a evoluirmos nos aspectos moral e intelectual, até nos tornarmos espíritos puros. Com este objetivo, temos todo o tempo da eternidade, e nossas reencarnações sempre nos oferecem múltiplas oportunidades de aprendizado, que ocorrem conforme a lei de ação e reação, na qual as experiências das existências passadas, influenciam nas provas que temos de superar em cada nova reencarnação. Nunca retroagimos e sempre aprimoramos o nosso intelecto em cada romagem terrena. Entretanto, devido ao nosso livre arbítrio, podemos fazer escolhas equivocadas, contraindo débitos morais, ou mesmo, nada produzir de útil, permanecendo estacionado em nossa evolução moral. Para que isso seja evitado, os espíritos superiores atuam nos dois planos da vida (material e espiritual), podendo nos conduzir para as reencarnações compulsórias, em expiações dolorosas, em que a dor, gradativamente desperta a nossa espiritualidade.
Entretanto, conforme a situação, os espíritos podem permanecer por um longo período na erraticidade, sem evoluir. Divaldo Franco, em uma palestra, comentou que durante um desdobramento espiritual (com a alma consciente, fora do corpo físico), encontrou-se com o espírito Nabucodonosor II, que na última reencarnação foi Camilo Rodrigues Chaves, um dedicado servidor na seara espírita em MG. Redimido através das reencarnações, Camilo verificou que milhares de espíritos, que foram suas vítimas na época de seu reinado na Babilônia há 2.500 anos, permaneciam imantadas ao ódio por ele, nas regiões purgatoriais do mundo espiritual. Tendo sido orientado pelo espírito Adolfo Bezerra de Menezes a interceder por eles, entrou em contato com o médium baiano para programar a reencarnação de dez espíritos babilônicos. Embora exista a injustiça humana, não existem injustiçados. Todos aqueles que sofreram no reinado de Nabucodonosor II, colhiam a experiência dolorosa da lei de ação e reação, relacionadas com as existências pregressas. Esses espíritos, ao desencarnar, estavam quites com a justiça divina e poderiam ter seguido rumo a planos espirituais mais elevados. Entretanto, ao se deixarem levar pelo ódio, anularam a prova expiatória que vivenciaram, agravando o seu roteiro evolutivo ao entrarem em um estado de perturbação mental que os estacionou nessas regiões trevosas até os dias atuais.
O processo evolutivo não dá saltos. Geralmente o desenvolvimento de nossa inteligência precede a evolução de nossos sentimentos. Ao reencarnarmos, nos deparamos com a necessidade de desenvolvermos as nossas habilidades para sobrevivermos no mundo material. Os desafios que enfrentamos, são agentes catalisadores para o desenvolvimento de nossa inteligência e sentimentos, mas muitos espíritos são refratários à modificação de seu comportamento, optando por estacionar nas regiões de sofrimento do mundo espiritual. O mentor espiritual Eusébio (No Mundo Maior, Chico Xavier e André Luiz), ao analisar a nossa sociedade, citou que “embora retornemos constantemente ao planeta, em reencarnações sucessivas, há milênios, nossos compromissos com a religiosidade têm sido praticamente nulos”. Tudo depende de cada indivíduo; uma existência bem aproveitada, pode significar um avanço em nossa rota evolutiva, libertando-nos do ciclo doloroso das provas e expiações. Para isso, considerando o nível intelectual de nossa humanidade, a doutrina mais eletiva para atender aos anseios do homem moderno é o Espiritismo. Fundamentado nas bases morais da Boa-nova de Jesus, apresenta a fé raciocinada, esclarecendo a lógica da justiça divina, na qual a reencarnação funciona como uma oportunidade de resgate e reparação de nossos débitos pretéritos. Deus é um Pai justo e bom e ninguém é submetido a experiências aqui na Terra, superiores à sua capacidade de superação.
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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo, Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita