Alvaro Vargas
Deus nos concedeu o livre arbítrio permitindo-nos decidir qual caminho a ser seguido em nossa trajetória evolutiva. Mas existe um limite, dentro do qual somos cerceados de modo a não prejudicarmos os demais membros da família humana. Essa limitação é válida para todas as nações e mesmo para a humanidade. A descoberta do uso da energia nuclear, no século passado, deveria ter uma finalidade útil e pacífica, mas acabou sendo utilizada, principalmente, para a construção de armas nucleares, transformando-se em um pesadelo para a sociedade. Na obra “A Caminho da Luz” (Emmanuel e Chico Xavier, cap. 24, 1938), é mencionado que ocorreria uma reunião da comunidade das potências angélicas do sistema solar, da qual é Jesus um dos membros divinos. Essa sociedade celeste, que já havia se reunido por duas vezes (durante a formação de nosso planeta e depois para organizar a reencarnação do Messias), iria se encontrar novamente na atmosfera terrestre para decidir sobre o destino de nosso mundo. Esse terceiro encontro se realizaria, em razão da preocupação dos seres angelicais que coordenam o nosso processo evolutivo, tendo em vista a possibilidade de um terceiro conflito mundial de largas proporções. Afinal, motivos não faltavam para que a espiritualidade superior voltasse suas atenções para a Terra, já que a sequência de duas Guerras Mundiais, em um intervalo de 21 anos, causou a destruição de inúmeras cidades, mais de 120 milhões de fatalidades, além de haver propiciado o uso de bombas atômicas e a construção de um número crescente de ogivas nucleares acopladas à mísseis intercontinentais.
Acredita-se que essa reunião citada pelo espírito Emmanuel provavelmente já tenha ocorrido. De acordo com o espírito Manoel P. Miranda (No Rumo do Mundo de Regeneração, cap.14, Divaldo Franco, 2021), “no século passado, momento houve em que o próprio Jesus visitou novamente a Terra, a fim de evitar a guerra que estava por explodir, na volúpia de algumas nações soberbas e materialistas, que ainda se encontram aguardando momento de supremacia sobre as demais. O seu incomparável amor venceu as ambições arbitrárias de seus líderes alucinados”. Essa presença espiritual ostensiva, atuando para evitar um conflito, já havia sido registrada pelo espírito Humberto de Campos (Brasil Coração do Mundo e Pátria do Evangelho, cap. 19, Chico Xavier, 1938), e ocorreu durante o reinado de D. Pedro I, quando ele se recusou a retornar a Portugal, desobedecendo uma ordem da coroa portuguesa em Lisboa. Em represália, as tropas leais ao império lusitano, estacionadas no Morro do Castelo no Rio de Janeiro, ameaçaram bombardear a cidade. O espírito Ismael (anjo guia do Brasil), com as suas vibrações de amor, fez ver ao comandante português Jorge de Avilez o caráter odioso de sua ameaça à população carioca, evitando o confronto.
Embora seja justificável o nosso temor às armas atômicas, as nossas maiores provações podem não ser apenas através de explosões nucleares. Em outra obra, o espírito Emmanuel (Há 2000 anos, II parte, cap. 6, Chico Xavier, 1939), comenta uma preleção de Jesus, dirigida para as almas dos cristãos recém martirizados pelo imperador Nero em um circo romano. Disse o Mestre Galileu: “Exausto de receber os fluidos venenosos da ignomínia e da iniquidade de seus habitantes, o próprio planeta protestará contra a impenitência dos homens, rasgando as entranhas em dolorosos cataclismas. As impiedades terrestres formarão pesadas nuvens de dor que rebentarão, no instante oportuno, em tempestade de lágrimas na face escura da Terra … e depois da seleção natural dos espíritos e dentro das convulsões renovadoras da vida planetária, organizaremos para o mundo um novo ciclo evolutivo, consolidando, com as divinas verdades do Consolador, os progressos definitivos do homem espiritual”. Esperamos que não aconteça, mas se por incúria o homem iniciar um conflito nuclear, as catástrofes provavelmente terão origem nas convulsões telúricas do planeta. De nossa parte, vamos fortalecer a nossa fé em Deus, na certeza de que em qualquer evento, o Seu amor por nós sempre atenuará as nossas provações.
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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo, PhD, presidente da USE-Piracicaba. Palestrante e radialista espírita