No encerramento da programação do “Abril Azul”, mês de conscientização sobre o TEA (Transtorno do Espectro Autista), o vereador André Bandeira (PSDB) promoveu encontro on-line, no último dia 30, para debater o projeto de lei 11/2020, que propõe a chamada “Sessão Azul”, exibição de filmes no cinema adaptada para pessoas com autismo, tendo o objetivo da inclusão.
“O nosso intuito é promover a socialização e um momento de lazer, não só para a criança ou jovem, mas também para a família”, disse o parlamentar, que apresentou a propositura no início do ano passado e tem mantido conversas com representantes de entidades que atendem pessoas com TEA para aperfeiçoar o texto, antes de ficar apto para ser votado em plenário.
A reunião que ocorreu pela plataforma Zoom envolveu representantes de associações e conselhos do município e do Estado, além de profissionais da área, para tratar da proposta. “O diálogo é fundamental para conseguirmos nossos objetivos. Com cada um fazendo sua parte, a inclusão em nossa sociedade com certeza irá se ampliar a cada dia”, disse o vereador.
Débora Kerches, neuropediatra especialista em transtorno do espectro autista e membro da Associação Reunida, destacou o desafio de promover o acesso à cultura. “Muitas famílias deixam de ir ao cinema e ter um melhor convívio social porque o ambiente escuro e o som alto, entre outros pontos, podem incomodar aqueles que estão no espectro autista”, disse.
Ela recorda que é assegurada por lei a igualdade de condições ao lazer, o que prevê acesso, além do cinema, a parques, museus, estádios, teatros, hotéis, entre outras atividades. “Lugar de autista é em todo lugar”, disse.
Membro da Comissão dos Direitos das Pessoas com Deficiência da Ordem dos Advogados do Brasil de Piracicaba, Rosana Fessel lamentou que seja necessária criar a obrigação legal para assegurar direitos às pessoas com espectro autista, uma vez que a Constituição prega igualdade. “Somos todos iguais perante a lei, então, fica contraditório termos que ter leis para que isso funcione”, observou.
“É muito desgastante para as famílias e profissionais terem que ‘brigar’ por um direito que é de todos”, reforçou Glawbya Consuelo, psicopedagoga que representou a Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais).
Renata Ortiz, da Associação Reunida, disse que a maior parte das pessoas aceita muito bem e até se propõe a ajudar. “Mas infelizmente existe o outro lado, com pessoas que não se esforçam nada para tentar entender e aceitar a pessoa com autismo e outras deficiências”, destacou.
“Gostaria de parabenizar a todos pelo comprometimento e pela dedicação e ao André Bandeira pela iniciativa da reunião e pelo acolhimento dessa demanda tão importante. Espero que (esse projeto de lei) seja um sucesso e que vire inspiração a outros municípios”, disse a fonoaudióloga Michelly Basso.
Entre as sugestões de adaptações a serem feitas ao projeto de lei 11/2020 está a de que as sessões sejam inclusivas e atendam não somente pessoas com autismo, mas todas que tenham deficiência. “As propostas serão ajustadas à propositura que seguirá a tramitação na Câmara”, disse o vereador.