Luiz Tarantini
Olá, alvinegros apostólicos romanos! Que alegria imensa saber que, todas as sextas, vocês estão aqui, junto comigo, neste espaço democrático, fazendo parte do mais importante jornal impresso de Piracicaba e região, A Tribuna Piracicabana. Aqui, o conteúdo é cem por cento “caipiracicabano”, sem deixar de noticiar o que acontece no Brasil e no mundo.
Não poderia deixar de dedicar minhas linhas a uma personalidade que foi fundamental no meu início dentro do jornalismo esportivo, um brasileiro carioca natural de Petrópolis, que adotou Piracicaba como sua e dividiu seu amor entre Botafogo e XV de Piracicaba: “Gerson Mendes o garganta de aço”!
Gersão como eu carinhosamente o chamava nos deixou no início desta semana, perdeu sua batalha para um câncer e para a covid-19. Essa praga que assola o mundo chegou em um momento delicado que Gerson se encontrava, internado e fragilizado pelo tratamento que estava sendo submetido, o vírus o contaminou e mesmo com toda força de vontade, apoio de sua família, amigos e o acompanhamento médico, nada se pode fazer e a potente voz de Gersão se calou.
Gerson Mendes foi meu tutor, conselheiro e me direcionou mostrando como ter personalidade própria no ofício, sem nunca utilizar minhas opiniões e pensamentos por valores financeiros ou em prol de benefícios. O “garganta de aço” teve participação importante no início do projeto “Passe de Letra”, aonde até na escolha do nome deu seus pitacos.
A rotina após os jogos do XV em Piracicaba no Barão eram sempre a mesma, uma cerveja bem gelada com amigos e equipe formada por João Panosso ou Emerson Anhão (técnica), Douglas Tamanini ou Rodrigo Caetano (comentários) e Luiz Tarantini (reportagens). Discutíamos resultados, lances e acontecimentos das partidas, e quando os jogos eram em outras localidades, as paradas pós-jogos tinham endereço traçado conforme a rodovia que iríamos utilizar as churrascarias do trajeto já estava com o cardápio gravado na memória assim como o nome dos garçons que o atendia.
A cada transmissão fosse ela dentro ou fora de Piracicaba sempre virava uma festa, a alegria contagiava a todos, a ponto de torcedores das arquibancadas irem comemorar os gols do Nhô-Quim junto à cabine central do estádio Barão de Serra Negra, cabine essa que já era marca registrada da Rádio Difusora e os olhares dos torcedores sempre buscavam um cumprimento ou até um aceno do maior narrador de Piracicaba.
Nunca mais as transmissões dos jogos do XV de Piracicaba serão tão especiais, com todo respeito aos profissionais atuais que buscam marcar seu nome, ou aqueles que já estão consagrados, mas as narrações de Gerson Mendes, a abertura dos trabalhos, a condução da transmissão e as improvisações “jamais” terão algo parecido.
Obrigado Gerson Mendes, e principalmente a “Deus” por ter me dado a oportunidade em aprender muito com o “garganta de aço” e ter desfrutado de sua companhia e amizade, sempre fazendo tudo com muito bom humor e a fé que um dia iria ganhar na loteria! Adeus Gersão, esse mundo ficou pequeno demais para sua potente voz.