Colapso sanitário

Francys Almeida

 

Estamos vivendo um triste momento da história do país, o maior colapso sanitário que se tem notícia, com médicos e especialistas atuando no limite de suas forças, mas sendo acusados de “forjar” casos de Covid-19, profissionais da saúde, que defendem a ciência, são taxados de esquerdopatas ou algo similar.

A politização da pandemia e o maniqueísmo que encanta pessoas sem escrúpulos e nenhum conhecimento histórico, que precisam dividir o mundo entre “nós e eles”, vai levar o país a números próximos dos 500 mil mortos.

Enquanto os poderosos estiverem lucrando, será aceitável, mas quando descobrirem que se o povo morrer não haverá clientes, talvez o mercado financeiro tenha “empatia” ou misericórdia do povo brasileiro.

Em nenhum momento, imaginei ver tantas famílias sem o mínimo para sua subsistência, sem ter o que comer, precisando de itens básicos. É doloroso ver crianças sem expectativa de um café da manhã digno, pois, além desse colapso na saúde, existe um colapso moral, notícias falsas, também chamadas de pós-verdades, que alimentam os neófitos e principalmente os canalhas, a necessidade de apresentar e crer em uma realidade paralela em que a pandemia é apenas um meio de ganhar votos ou algo assim.

Umberto Eco realmente foi perfeito na sua conclusão sobre o mundo virtual: “As mídias sociais deram o direito à fala a legiões de imbecis que, anteriormente, falavam só no bar, depois de uma taça de vinho, sem causar dano à coletividade. Diziam imediatamente a eles para calar a boca, enquanto agora eles têm o mesmo direito à fala que um ganhador do Prêmio Nobel. O drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade”.

Ser burro agora é moda; propagar a ignorância virou motivo de orgulho.

O risco do Brasil se tornar uma fábrica de mutações com o atraso na vacinação, a falta de insumos para que pacientes possam ser tratados, apenas mostram o desprezo para com a população. Serão dias difíceis.

_____

Francys Almeida, bacharel em Direito, síndico profissional, vice-presidente do PCdoB, Diretório Municipal de Piracicaba

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima