Piracicaba: a nova Metrópole Paulista

Barjas Negri

O governo estadual concluiu o estudo da nova Regionalização de São Paulo, que propõe ampliar o número de Regiões Metropolitanas e das Aglomerações Urbanas, ao mesmo tempo em que cria Microrregiões no território paulista. Agora, são propostas as Regiões Metropolitanas de São José do Rio Preto e de Piracicaba, e mais quatro novas Aglomerações Urbanas.
Com isso, reforçam-se as integrações regionais e possibilita criar e implantar Planos de Desenvolvimento ao logo dos próximos 10 a 20 anos. Com a participação das prefeituras, câmaras municipais, sociedade civil e Ministério Público, será possível ter um desenvolvimento econômico, social e ambiental mais dinâmico, com menores disparidades sociais em cada região.
Acompanho esse assunto desde 1973, quando foi criada a Região Metropolitana de São Paulo e, depois, em 1984, quando foram criadas as regiões de governo. Poucos sabem, eu, como professor de Economia na Unicamp, participava do Núcleo de Desenvolvimento Social, Urbano e Regional (Nesur), que, juntamente com diversos pesquisadores, estudamos e acompanhamos o intenso processo de urbanização paulista e a distribuição espacial de sua economia e de serviços públicos e privados. Parte desse processo está inserida na minha tese de Doutorado: “Concentração e desconcentração industrial em São Paulo” (1880/1990). Isso mesmo, 110 anos. A tese foi publicada pela Editora Unicamp.
A nova proposta prevê oito Regiões Metropolitanas, as seis atuais – Baixada Santista, Campinas, Ribeirão Preto, São Paulo, Sorocaba, Vale do Paraíba e Litoral Norte – e as duas novas – São José do Rio Preto e Piracicaba. De forma resumida, essas oito Regiões Metropolitanas são compostas por 208 municípios e concentram 30% do território paulista, 77% de sua população e 72% do PIB paulista.
Tudo isso dá contornos ao que se denominou de Macrometrópole Paulista, que precisa de um planejamento integrado na área de meio ambiente, transporte, segurança, saúde, habitação, educação e desenvolvimento econômico.
A futura Região Metropolitana de Piracicaba, com suas lideranças, vai fazer parte desse processo e já começa robusta, com 25 municípios e 1,5 milhão de habitantes, um PIB de R$ 76 bilhões e bons indicadores sociais, como o IDH de 0,772. Por minha formação técnica e acadêmica, dei importante contribuição aos estudos de nossas Regiões Metropolitanas, como destaque para Piracicaba.
Uma característica da Região Metropolitana de Piracicaba é o seu expressivo parque industrial, que participa com 35% do seu PIB, liderada por municípios como Piracicaba, Rio Claro, Limeira e Araras. Apenas a Região Metropolitana do Vale do Paraíba tem uma indústria mais expressiva nas Regiões Metropolitanas.
Na verdade, Piracicaba será a sede dessa Região Metropolitana pela dimensão de sua população, sua indústria seus serviços, sua rede de proteção social de serviços públicos, por sua malha viária – as rodovias que cortam Piracicaba estão praticamente todas duplicadas – mas, sobretudo, pelo seu polo educacional, que forma profissionais para Piracicaba e região, como a Esalq/USP, FOP/Unicamp, Unimep, Faculdade Dom Bosco (Unisal), Anhanguera, Fatec, Instituto Federal (IFSP), Anhembi Morumbi, além da rede de escolas técnicas profissionalizantes públicas e privadas, que atende toda região. < br /> Nos últimos 10 anos, ficamos com o status de Aglomeração Urbana, luta incansável do deputado estadual Roberto Morais e de outras forças da cidade. E, agora, passado este “estágio obrigatório”, Roberto e outras forças vivas da cidade, às quais me incluo, lutamos e conseguimos essa mudança de status para a implantação da Região Metropolitana de Piracicaba, que contou com o apoio do secretário de Desenvolvimento Regional do Estado, Marcos Vinholi, e do governador João Doria.
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Barjas Negri, ex-prefeito de Piracicaba

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