Pandemia prejudica muito as mulheres

Barjas Negri

 

Quando estamos próximo de mais um Dia Internacional da Mulher, o meu artigo de hoje discute uma questão relevante que afeta todas as mulheres. A pandemia do Coronavírus prejudicou a todos, mas foi mais forte e cruel com as mulheres. Não é demais lembrar que o conjunto das normas sociais atribui à maior parte das mulheres a responsabilidade pelos trabalhos domésticos e pelo cuidado dos filhos.Ao termos o distanciamento social com o fechamento total ou parcial de muitos estabelecimentos comerciais e de serviços onde predominam empregos femininos, não é difícil compreender o impacto sobre a força de trabalho feminina. Além disso, o fechamento das escolas levou e manteve muitas mulheres em casa, responsáveis pelas atividades domésticas e do cuidado das crianças que estão impedidas em ir para a escola. Tudo isso transformou as mulheres em grandes perdedoras.

Quanto mais simples, quanto menos escolarizadas e quanto menos qualificadas, essas mulheres foram mais prejudicadas com perda de emprego e de renda. O caso das empregadas domésticas e diaristas são os mais emblemáticos pois mais de 1,5 milhão delas em todo o Brasil perderam seus empregos logo no início da pandemia. É uma pena e ocorre demora em suas recontratações.Com escolas fechadas essas mulheres ficam em casa com seus filhos e perdem oportunidades de tentarem voltar ao mercado de trabalho formal ou informal. Ainda bem que o auxílio emergencial do Governo Federal auxiliou essas mulheres. Agora, o auxílio acabou e a retomada da economia é lenta, gerando poucas oportunidades de emprego para as mulheres.Para compreender um pouco mais essa questão, vale mencionar que em 2020 foram gerados apenas 142,6 mil empregos com carteira assinada: 230,2 mil para homens e demissão de 87,6 mil mulheres. No setor informal isso não foi diferente e pode ter sido mais profundo.Agora, o debate sobre abertura parcial de escola pode dar alguma luz para que mais mulheres possam voltar a ocupação no mercado de trabalho. Com a ampliação da vacinação contra o Coronavírus, poderemos ter a médio prazo a retomada da atividade econômica, trazendo alento para o mercado de trabalho e, em especial, para as mulheres.

O debate a respeito da reabertura gradual de estabelecimentos de serviços e comerciais também pode sinalizar mais oportunidades para novos empregos para as mulheres. No entanto, tudo tem que ocorrer gradativa e simultaneamente para ter benefícios para as mulheres: vacinação, reabertura do comércio, reabertura de escolas e retomada da economia. Ao mesmo tempo, será preciso aplicar recursos públicos para amplo programa de qualificação e requalificação profissional no âmbito municipal para dar um pouco mais de alento e oportunidade às mulheres.

Essa é uma análise geral para o Brasil, que se aplica perfeitamente nos municípios médios de São Paulo onde Piracicaba poderia dar exemplo. Para isso, basta ter iniciativa, desprendimento e articulação entre o setor público, os sindicatos de trabalhadores, as entidades empresariais, envolvendo os especialistas em qualificação profissional. Basta querer.

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Barjas Negri, ex-prefeito de Piracicaba

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