Em encontro com diretores do Instituto Conespi (Conselho das Entidades Sindicais de Piracicaba), na manhã de quinta (4), o presidente da Câmara de Vereadores de Piracicaba, Gilmar Rotta (Cidadania), disse que irá propor a realização de uma reunião com a administração municipal para debater a posição da entidade contrária à incorporação da Secretaria de Trabalho e Renda (Semtre) pela de Desenvolvimento Econômico, que na prática representa a sua extinção, juntamente com a de Turismo.
Sem esse debate envolvendo a Câmara, a Administração Municipal e o Conespi, que pode ser até uma audiência pública, Gilmar Rotta garantiu que não irá colocar o projeto de lei do prefeito Luciano Almeida (DEM), que inclusive já tramita na Câmara de Vereadores, na pauta de votação da ordem do dia. “É legítima a posição do Conespi de se colocar contrário ao projeto”, disse Gilmar Rotta.
No encontro com o presidente da Câmara, o Instituto Conespi, representado pelo seu vice-presidente, José Antonio Fernandes Paiva (Sindicato dos Bancários), Fânio Luis Gomes (Sindicato de Alimentação), Denis Mota Alves e Paulo Afonso de Lima (Sindicato dos Metalúrgicos), Vanessa Lanes (Sindicato dos Comerciários) e Emerson Cavalheiro (Sindicato dos Papeleiros), entregou documento em que são relatados os motivos pelos quais a entidade é contrária ao projeto. Entre eles, pelo protagonismo da Semtre no desenvolvimento de políticas voltadas para a preparação tanto do trabalhador para o mercado de trabalho, assim como para estreitar relações com o mundo do trabalho e desenvolve ações que fortaleçam a geração de novas e melhores oportunidades de trabalho e renda. Esse mesmo documento, endereçado ao prefeito Luciano Almeida, diretores do Conespi entregaram ao secretário municipal de Governo, Carlos Beltrame, na última quarta-feira, pedindo abertura de diálogo para debater a proposta.
Paiva destaca o importante papel desenvolvido pela secretaria, que está instalada em um dos melhores prédios do município e lamenta a posição da atual administração tomada sem ouvir os trabalhadores, os maiores interessados no bom funcionamento das políticas praticadas pela Semtre. Por isso, defende vida própria da Semtre, enquanto acredita que as Secretarias de Desenvolvimento Econômico e Turismo poderiam ser unificadas. “Se for por economia, basta colocar um secretário já nomeado para comandá-la, acumulando também esta função, como já ocorreu anteriormente”, sugere, deixando claro que o movimento sindical não tem nenhum interesse em indicar um nome para a pasta. “A criação da Secretaria do Trabalho e Renda ocorreu para contrabalancear as forças na administração municipal, uma vez que a cidade já contava, à época, com a Secretaria da Indústria e Comércio, enquanto os trabalhadores não tinham uma pasta específica para defender seus interesses”, conta.
O Instituto Conespi enfatiza que a Secretaria de Trabalho e Renda, com uma história de ações de mais de 15 anos, pelo importante trabalho desenvolvido ao longo de todo este período, se tornou referência estadual e até nacional, sendo visitada por diversos representantes municipais que buscaram subsídios para implantar o mesmo projeto em seus municípios. É destacado no documento, ainda, que isso não ocorre por acaso, mas porque desenvolve importante trabalho, “seja coordenando ações para a promoção de cursos de qualificação e requalificação de trabalhadores, assim como estreitando relações com o mercado de trabalho, debatendo e promovendo políticas públicas para o mundo do trabalho, em parceria com a Comissão Municipal de Trabalho e Emprego e entidades patronais e acadêmicas, enfim, uma pasta com um olhar focado na visão do trabalhador, e que nos últimos anos vinha sendo comandada por representantes dos trabalhadores”.
Durante a reunião, em que o presidente da Câmara falou da importância de ativar o Fórum Permanente de Desenvolvimento Industrial e Relações do Trabalho, também foi enfatizada a importância de o município contar com instrumentos voltados para o mundo do trabalho, principalmente nesse momento em que o país atravessa, com uma grave crise econômica, com mais de 14 milhões de trabalhadores desempregados, sendo mais de 30 mil em Piracicaba, número que poderá crescer nos próximos dias, em função do agravamento da crise em função da pandemia do coronavírus.