Programas Desporto de Base e Movimentação Cultural

Barjas Negri

 

Além dos programas de saúde e de educação, o setor público precisa oferecer outras atividades para as nossas crianças, jovens e adolescentes, em especial para aqueles que moram nos bairros da cidade e pertencem às famílias de baixa renda.

Foi exatamente isso que a Prefeitura de Piracicaba procurou fazer nas últimas décadas. Aqui quero destacar, pelo menos, dois programas importantes: 1º) Desporto de Base (PDB) – com 30 anos de atividades e, 2º) Movimentação Cultural – com 15 anos. Ambos nascem de articulações de líderes comunitários e sindicais que pressionaram a Prefeitura a criar e oferecer mais alternativas esportivas e culturais, além de melhor utilização de espaços já existentes, bem como a criação de novos, dando oportunidade para ocupação e para o surgimento de novos talentos.

O PDB, em seus 30 anos, se consolidou e avançou, foi aperfeiçoado e ampliado, sendo hoje é uma referência na cidade. Lembro-me das dificuldades financeiras do programa em 2004-2005, que levou a equipe – comandada pelo secretário municipal de Esportes, dr. Pedro Mello, a procurar alternativas para avançar e não paralisar o programa. Resultado: com mais orçamento e participação de entidades esportivas, atende-se hoje milhares de atletas, em núcleos e escolinhas, envolvendo professores de Educação Física e técnicos desportivos nas diferentes modalidades.

O novo secretário de Esportes, Hermes Balbino, conhecedor da área e do PDB, manifestou intenção em prosseguir e melhorar o programa, numa demonstração de compromisso com os projetos da área e, principalmente, com as nossas crianças, jovens e adolescentes da periferia. Esse é o passo certo.

Por outro lado, a equipe comandada pela secretária municipal de Ação Cultural e Turismo, Rosângela Camolese, criou – em articulação com artistas e entidades e principalmente com as lideranças comunitárias e sindicais, o programa Movimentação Cultural, que começou pequeno, foi crescendo e se aperfeiçoando ao longo de 15 anos, ampliando espaços culturais e ampliando recursos orçamentários. Como resultado, passamos a ter novos centros culturais públicos em Santa Terezinha (Hugo Pedro Carradore), Mario Dedini (Zazá), Parque Primeiro de Maio (Nhô Serra) e dois na Estação da Paulista (Maria Dirce e Antonio Pacheco Ferraz). Porém, boa parte da programação do Movimentação Cultural utilizava as sedes dos centros comunitários e de varejões que, gradativamente, passou a oferecer atividades culturais e, dessa forma, ficou próximo da população dos bairros.

Centenas de pessoas passaram a ser atendidas anualmente, envolvendo artistas e entidades culturais da cidade, num avanço expressivo e de valorização da cultura, também dando ocupação a jovens e estimulando talentos. São atividades de oficinas culturais, artesanato, danças de rua e salão, desenho, sapateado, teatro, pintura, violão, música instrumental, palestras, capoeira, balé, dança afro, percursão entre outros.

Com mais acertos do que erros, avançou-se muito em 15 anos, dando perspectiva a jovens talentos e profissionais do setor artístico. Agora o programa está prestes a ser interrompido para aperfeiçoamento, ou outro adjetivo, que possa permitir a descontinuidade.

É uma pena porque programas culturais, esportivos e sociais levam anos para se consolidar e ganhar apoio da sociedade. Se for interrompido, o prejuízo poderá ser grande e inesperado. O melhor seria tentar corrigir eventuais falhas e avançar, uma vez que a criação de um novo programa e sua implantação poderá levar meses ou até anos, gerando prejuízo cultural nesse período, que poderá ser irrecuperável.

A título de ilustração, lembro-me do debate sobre a necessidade de melhorar as atividades e programas do Zoológico Municipal, em 2001. O Zôo e o Paraíso da Criança foram fechados para reformas; criou-se uma equipe para pensar e elaborar uma nova concepção, que resultou na criação do Zoaquário Municipal – na região de Santa Terezinha – que seria moderno, funcional e dinâmico.

Resultado: o Zoológico e o Paraíso da Criança ficaram fechados por cinco anos. O Zoaquário não saiu do papel e, posteriormente, encontramos uma solução “feijão com arroz”, reformando e modernizando a cada ano o Zoológico, que atende suas funções e beneficia anualmente milhares de pessoas.

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Barjas Negri, ex-prefeito de Piracicaba

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