Rogerio Azevedo
A compreensão do significado de tudo que nos acontece, desde os momentos de alegria momentânea até os momentos de dor pelos quais passamos, talvez seja o maior desafio que encontramos durante esse “breve” intervalo de tempo existencial que conhecemos como vida. Para isso, a busca desse entendimento nos leva a procurar um apoio que nos ajude a encarar os desafios da vida com a confiança de que o futuro será melhor.
Assim, encontrar-se através de uma religião é a caminhada natural para todo aquele que procura abrir-se aos convites dos desafios que se nos apresentam para que sejamos colaboradores de Deus no processo de desenvolvimento das criaturas, para nós e nossos semelhantes. Porém, é necessário maturidade para se dar um sentido concreto de religiosidade em nossa existência. O Espiritismo, por isso mesmo, atrai a atenção de todo(s) aquele(s) que procuram respostas para suas perguntas existenciais como: de onde vim, quem sou eu e para onde vou depois da morte, pois, tem como seus princípios uma doutrina cientifica, filosófica de consequências religiosas, que nos dá entendimento sobre a dinâmica de nossa presença na Terra.
Dessa forma, a doutrina Espírita apresenta-se como o caminho mais seguro para todo aquele que sente que é chegada a hora de se encontrar, já que, há tanto tempo nos encontramos perdidos com relação a melhor forma de se proceder perante as dificuldades. Sendo assim, compreendemos de forma lúcida o significado de muitas passagens bíblicas, como em “…cada um segundo as suas obras;” (Romanos 2:6), que nos fazem repensar que o mais importante é como a religião que escolhemos passa a influenciar em nossa forma de proceder no dia a dia. O problema é que a maioria de nós apenas se utiliza de um rótulo religioso com o intuito de se ver vinculado a Deus, sem alterar seus comportamentos habituais, que na maioria das vezes são divergentes daquilo que é ensinado no seu culto religioso.
Desta forma, situações dolorosas, como a pandemia atual, nos levam a repensar a trajetória que escolhemos percorrer durante o passar do tempo. A incerteza perante tudo, leva-nos até ao questionamento, por vezes absurdo, sobre a bondade e a amorosidade de Deus, sem nos darmos conta de que todos os desafios que nos deparamos são resultados inequívocos da nossa própria falta de consciência sobre como bem proceder na vida, colocando acima de tudo, de todas as nossas ações, o lema que sintetiza o pensamento de Cristo: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. Porém, o processo de aprendizado do exercício da fraternidade, para com o próximo, requer de todos nós paciência e perseverança, justamente porque ainda não compreendemos o significado verdadeiro do amor preconizado por Jesus.
Então, do ponto de vista prático, necessário é compreender que todos somos coparticipes das obras de Deus, tanto para o nosso desenvolvimento, quanto para o desenvolvimento do próximo, estejam eles onde estiverem (dentro de casa, no trabalho ou até mesmo quando encontramos desconhecidos pelos nossos caminhos), e o exercício principal que deveremos observar em nosso comportamento, a semelhança do que teria escrito o apostolo Paulo (Coríntios, 13), o amor em ação é a caridade. Assim, é extremamente importante compreender que a pratica da religiosidade, por todos nós, passa pelo entendimento de que o exercício do amor por meio da caridade é caminho que nos leva aos caminhos de Jesus, sendo ele nosso modelo de comportamento ético e moral.
Quando olharmos a vida sob essa ótica, os nossos anseios e angústias passarão a ter um peso diferente do qual damos atualmente, conduzindo-nos a uma aceitação melhor para nossas dificuldades. Portanto, que tenhamos a possibilidade de compreender que se viver uma religião em nossas vidas é muito mais do que apenas dizer-se religioso e para isso, que é necessário a coragem de seguir os passos de Jesus através de seu comportamento, mesmo que tudo nos convide ao contrário.
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Rogerio Azevedo, engenheiro, palestrante espírita, coordenador da Mocidade da USE- Piracicaba