O barulho de que precisamos: silêncio

Natalia Mondoni

 

Que vivemos em um mundo frenético, isso não há dúvidas. Assim como não temos dúvidas que a informação, hoje, constitui um dos maiores valores que temos em nossos tempos. A velocidade com que as informações se propagam e a facilidade que temos acesso a elas, seja através das redes sociais ou de outros meios, bem como a sua democratização, fazem com que estejamos cada vez mais conectados ao que nos cerca. Assim como tudo isso demonstra uma evolução dos nossos tempos, o que seria um bônus, podemos dizer que estamos tendo alguns ônus e, talvez o principal motivo seja a nossa capacidade, ou melhor, a nossa vontade, em absorver tudo isso.

Partindo do princípio que precisamos, ou queremos, entender de tudo um pouco (mesmo que superficialmente), vamos nos atarefando em dividir a nossa atenção e o nosso tempo entre isso e as demandas da vida – das necessárias às prazerosas – e, obviamente, a equação não fecha. Mais ainda: Se nos perguntarmos qual o impacto de certas questões que desejamos nos aprofundar – mas que não temos, necessariamente, o controle – terão em nossa vida, será que continuaremos a dedicar a mesma quantidade de tempo? Será que se olharmos de forma mais otimizada para nossas necessidades e demandas, e cuidarmos mais daquilo que de fato controlamos, a nossa história não seria diferente?

Não estou dizendo, com isso, que devemos ser “ignorantes”, no sentido de se abster dos fatos e de coisas que podem nos impactar, de alguma forma. Vivemos em sociedade e precisamos nos inteirar daquilo que nos cerca. Mas, será que podemos pensar em como selecionar melhor as nossas prioridades, diante das diversas demandas do nosso cotidiano?

Quando questionada como poderíamos promover a paz mundial, recebendo o Prêmio Nobel da Paz, Madre Teresa de Calcutá disse: “Voltem para seus lares e amem suas famílias”. Às vezes precisaremos de grandes transformações que começarão em nós. Em silenciar e perceber o que nos aflige, nos incomoda, nos angustia. O que passamos anos calando, com o barulho excessivo daquilo que ouvimos e dedicamos tempo, e que, no fim das contas, nem era tão importante assim. Talvez tenhamos que pensar em como voltar para mais perto, recalcular a nossa rota e iniciar uma caminhada buscando, primeiramente, o que podemos fazer de concreto, no hoje, para que possamos viver melhor. Assim, a transformação, efetivamente, começará.

Vamos juntos? Com carinho,

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Natalia Mondoni, psicóloga; Instagram @psinataliamondoni

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