E o oxigênio vem da Venezuela!

Rai de Almeida

 

 Atendendo a pedido do governo do Amazonas, a Venezuela de Nicolás Maduro solicitou que sua diplomacia disponibilize ao Brasil uma carga de oxigênio hospitalar da White Martins produzida em terras venezuelanas. De acordo com o que noticiaram os mais variados órgãos de imprensa, o chanceler chavista Jorge Arreaza conversou, dia 14, com o governador Wilson Lima (PSC) e liberou ao governador o oxigênio que deverá ajudar a salvar a vida de centenas de brasileiros entregues à própria sorte pelo desgoverno federal brasileiro. Em suas redes sociais, o chanceler venezuelano escreveu: “Solidariedade latino-americana antes de tudo” – mensagem essa que foi imediatamente respondida pelo governador Wilson Lima, também pelas redes sociais: “O povo do Amazonas agradece”.

Ao que pese o ataque sistemático da direita brasileira e mundial contra a política de Maduro na Venezuela, quis o destino que esse país – sempre ridicularizado pelas vozes da extrema-direita bolsonarista e neoliberal – surgisse de repente com a boia de salvação daqueles que, desprovidos de um governo federal atuante e responsável, estão morrendo literalmente sufocados nos hospitais e pronto-socorros manauaras. Mais do que isso, mostrou também o destino que a prepotência do totalitarismo à brasileira estampada no slogan “Brasil acima de todos” nada mais é do que uma falácia ordinária destinada a conduzir as massas para a mais terrível baia do egoísmo e da desumanidade. Contra esse slogan neofascita, nos ensina o chanceler venezuelano, nunca é demais retomar: “Solidariedade latino-americana antes de tudo”.

Nesse sentido, é bom que se afirme em letras garrafais que não é a primeira vez que os ditos países “comunistas” salvam o Brasil de suas mazelas sanitárias. Diante do descalabro que encontrou no sistema público de saúde ao longo de seu governo, os governos petistas não hesitaram em pedir ajuda a Cuba para que esse país – referência mundial na medicina – enviasse ao Brasil um imenso contingente de médicos dispostos a trabalhar em regiões distantes e inóspitas de nosso país – onde nossos os médicos brasileiros, via de regra e em sua maioria, sempre se recusaram a ir. Mais do que isso, os médicos cubanos que ao Brasil vieram pelo “Programa Mais Médicos” (programa extinto pelo desgoverno de Bolsonaro) reforçavam até mesmo hospitais e unidades básicas de saúde de capitais e cidades do interior sempre carentes de médicos.

Por fim, cabe dizer que mesmo Piracicaba precisou e contou com a colaboração imprescindível dos médicos cubanos do Mais Médicos – sendo que a cidade contou com poucos mais de 30 deles trabalhando na rede pública de saúde (rede essa que, hoje, sem o Mais Médicos, não encontrou nos médicos brasileiros o número suficiente de doutores interessados em ocupar esses espaços no atendimento à população mais necessitada).

Seja por meio das vacinas chinesas, com médicos cubanos ou com oxigênio venezuelano, os ditos países “comunistas” mostram que suas estruturas políticas podem não só atender suas próprias populações como, em momentos de solidariedade, podem também socorrer outros países e irmãos – mesmo que sejam irmãos acostumados a tripudiar deles.

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Rai de Almeida, advogada, vereadora em Piracicaba (PT)

 

 

 

 

 

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