O time mais vitorioso do mundo é feminino, brasileiro e alvinegro!

Carolina Angelelli

 

Foram trinta e quatro vitórias consecutivas e o time paulista de futebol feminino do Corinthians entrou para história mundial. A façanha das mulheres, nunca antes registrada na história do futebol profissional, ganhou destaques na Fifa e até mesmo no Guiness World Records.  Neste ano, o Corinthians Feminino foi campeão brasileiro e o técnico Arthur Elias dedicou o bi-campeonato às vítimas do Covid-19.

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Goleada de títulos e contra preconceitos:

O time do Corinthians Feminino existe desde 2016 e desde sua criação as mulheres futebolistas vêm driblando as dificuldades de aceitação e a cultura de masculinidade do esporte.

Os títulos e números apontam  que não há nenhuma dúvida quanto a hegemonia do Corinthians no futebol feminino: Copa do Brasil em 2016; Libertadores da América em 2017 e 2019; Paulista em 2019 e Campeão Brasileiro em 2018 e 2020.

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Mas, quais os segredos destas vitórias históricas?

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Independência e dedicação:

A equipe de futebol do Corinthians Feminino tem total independência em relação a imagem da equipe de futebol  masculina, o que significa gerenciamento próprio de quem trabalha no futebol feminino.

O tratamento dedicado para as atletas também se destaca: o Clube banca os apartamentos de algumas que moravam distantes e precisam ter acesso mais próximo. Elas ainda possuem benefícios como plano de saúde e contrato firmado para vestir alvinegro. Por outro lado, recebem um manual de conduta ética que se enquadra no clube como um todo.

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Visão para o futuro:

Outro item essencial é a consciência da importância de instituir um projeto longevo com a mesma comissão técnica, eles querem além dos títulos, o Corinthians Feminino quer construir um legado.

O Corinthians também já criou uma equipe de base sub-17, as  jovens usam a estrutura do parque São Jorge e são comandados por uma ex-jogador histórica da seleção brasileira, Daniela Alves.

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Uma casa para referência:

Recentemente o Parque São Jorge, a Fazendinha, passou por reformas para abrigar até 5000 pessoas e se tornou a casa oficial da equipe feminina, é lá que elas mandam seus jogos.

A “casa própria” criou uma identidade e as sugestões de levar os jogos para Arena Corinthians são prontamente rechaçadas por elas, as atletas treinam no CT Joaquim Grava, o mesmo do time masculino e também possuem seu ônibus próprio.

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Visibilidade e projeção:

Em cada nova partida, ações de marketing distintas são elaboradas para aumentar o interesse do público e a Diretora de Futebol, Cris Gambaré, tem total passe livre do presidente Andrés Sanchez e da Diretoria para atuar em campo e fora dele. Ela gerência imagens, elabora campanhas de marketing direcionadas ao público feminino para cativar, promover e empoderar as mulheres, fortalecer a marca do Timão e também a marca de cada atleta.

Uma das campanhas mais famosas foi realizada na véspera do Dia Internacional da Mulher de 2018 intitulada “Não é não”. A campanha foi abraçada por todo o Clube como um alerta para o combate à violência e os abusos sofridos pelas mulheres. Os jogadores do time masculino também se engajaram e nos vídeos pediam respeito e a  #respeitaasminas virou camiseta e ilustrou o painel de LED na Arena Corinthians.

A campanha “Cale o Preconceito” também ganhou grande repercussão e foi realizada para combater o preconceito no futebol feminino, no vídeo as jogadoras liam alguns comentários retirados da internet e que também estamparam frases machistas em camisetas como: “lugar de mulher é na cozinha”. O clube ainda criou um site para revender as peças com o objetivo de trazer patrocínios direcionados ao time feminino para “calar o preconceito”

A patrocinadora máster do time feminino, Estrella Galícia,  se juntou ao time e colocou as jogadoras como protagonistas numa campanha para novamente ressaltar o futebol feminino “Loucas por fugir à regra e loucas por resistir ao preconceito”, diz a mensagem principal que pegou um bordão clássico da torcida e transportou para as mulheres da equipe profissional.

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Ativismo social e político:

Viver o futebol feminino 100% é um ingrediente indispensável nesta fórmula de sucesso e o técnico do Corinthians Feminino, Arthur Lira, tem sua experiência profissional 100% no futebol feminino desde os seus 24 anos.

A fórmula alvinegra de trabalho e eficiência contraria o preconceito e desfaz a falácia de que  “futebol não é coisa de mulher”.

Mulher em campo é um ato político: a ocupação das quatro linhas, este espaço historicamente machista, pelas mulheres é uma evolução coletiva da nossa sociedade.

É fundamental reconhecer este trabalho de todos os corinthianos e corintianas e impulsioná-lo.

O Corinthians está atuando para mudar a visão do mundo e apostamos que a partir do Timão, outros clubes também percebam que é a nossa vez.

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Carolina Angelelli, jornalista, bacharel em Direito, vice-presidente do Partido Democrático Trabalhista (PDT) de Piracicaba

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