Natal e Ano Novo no vermelho

Dirceu Gonçalves

 

O Estado de São Paulo faz seu lockdown no Natal e no Ano Novo. Regride temporariamente todo o território para a fase vermelha do combate ao coronavírus e fecha, principalmente, bares e restaurantes. Governo e seus especialistas justificam a medida como proteção à população em relação à pandemia. Melhor seria, em vez de parar – e penalizar esses setores econômicos que pagam impostos para poder trabalhar – ter feito a conscientização da população quanto aos riscos. Até porque não é fechando estabelecimentos que se irá impedir as pessoas de se exporem ao risco da contaminação. Não assistimos campanhas de orientação e convencimento para as pessoas se protegerem. Nem providências para evitar as aglomerações nos meios de transportes e na própria via pública. Parece que o vírus é perigoso só dentro de estabelecimentos e no interior das repartições, principalmente nas escolas públicas onde, com a pandemia, muitos ganham sem ter de trabalhar. É tudo muito estranho. Não duvidamos do propósito sadio das restrições, mas de sua eficiência. Quem ficar recolhido nos dias 25, 26 e 27 de dezembro e entre 1º e 3 de janeiro, se não tomar os devidos cuidados, poderá se contaminar no intervalo entre Natal e Ano Novo ou depois das fases vermelhas temporárias. Qual, então o lado objetivo da restrição?

No entanto, certa ou errada, a medida já está decretada. Espera-se que o governo e seus agentes não sejam arbitrários e que a população, independente da ordem governamental e no interesse da própria saúde, não se exponha. É mais um incômodo decorrente da pandemia e da forma com que ela é tratada entre nós. Apesar disso, o mais importante a essa altura é a chegada das vacinas. Os laboratórios, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e os governos estão preparados para adquirir as doses e administrá-las à população. É o caminho lógico a ser seguido e não deve ser desviado dos critérios técnicos de aplicação com prioridade nos grupos de maior risco. Pessoal da Saúde (especialmente os que trabalha m na área que atende aos pacientes da Covid), policiais e outros profissionais que pela atividade não podem se resguardar, devem ter preferência. Isso, porém, não deve ser feito atendendo a critérios étnicos e sociais – definidos política e ideologicamente – e nem para o favorecimento de autoridades que, apesar de atuar em gabinetes com as refrigerado, já pedem para furar a fila.

A vacina – desde que aprovada pelo órgão controlador e disponível – passará a ser um patrimônio da população brasileira, que está sofrendo e já viu a morte de quase 200 mil concidadãos atacados pelo mal. Toda vez que, para atender a figurões ou a figuras de segmentos influentes, se deixar para depois a aplicação do imunizante na população de maior risco, estará se cometendo um crime de lesa-humanidade. Mais uma vez é importante lembrar a Constituição (artigo 196): ”A saúde é direito de todos e dever do Estado”. Portanto, srs. presidente, governadores e prefeitos, providenciem com toda urgência a vacinação da população da área que governam. Isso é sua obrigação…

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Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves, dirigente da Aspomil (Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo); [email protected]          

 

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