Psicologia do Trânsito (III)

A modernidade trouxe benefícios indiscutíveis, assim como mudanças no comportamento. O salto tecnológico ocorrido em meio século jamais foi experimentado em toda nossa existência. Novos bens de consumo geram novos hábitos, comportamentos e sintomas.

Carro, rádio, TV, celular, computador, para não dizer muito. A maior interação entre homem/máquina dá à última um lugar especial na relação homem/mundo.

Há alguns anos me ocorreu um fato alarmante. Meu veículo ganhava velocidade ao subir uma via com trânsito livre. À frente notei um cidadão que acabara de estacionar seu carro ao lado do mesmo na via. Perto de cruzá-lo, se lançou abruptamente na faixa de rolamento para pegar um objeto, forçando-me frear, assim como os demais veículos atrás, para não atropelá-lo. No susto e pasmo buzinei longamente, quando me gritou: “você está louco? Eu fui pegar meu celular!”

A relação desse cidadão com seu celular o colocou em risco de morte se não houvesse tempo para a manobra. Em nome de um celular!

Com o declínio da função paterna (reguladora do pacto social) na sociedade moderna, perdemos a noção de limites. Quantas vezes priorizamos o celular no trânsito reduzindo violentamente nossa atenção? Ou, como pedestres, entramos na via e ‘que se vire o motorista para não me atingir’? Estamos em uma sociedade que perdeu seu norte. Negligenciamos as leis antes tão sagradas.

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“A felicidade é um problema individual. Aqui, nenhum conselho é válido. Cada um deve procurar, por si, tornar-se feliz”. (Sigmund Freud)

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 Ele terminou nossa relação há dois meses. Ainda o sinto muito vivo dentro de mim,acho que todo mundo é sem graça e que nunca mais encontrarei um homem que me complete 100%.É comum isso depois de uma grande perda? Falando assim parece até que sou uma adolescente, mas fui casada há 10 anos e me senti aliviada com a separação e um namoro de nove meses me deixou sem rumo. Quando penso nele fico mal.Liz, 30. 

Não se deve comparar um relacionamento de nove meses com um casamento de 10 anos. O namoro é cheio de idealizações, sem tanta convivência, o cotidiano, contas, etc. É no cotidiano que o real toma seu lugar e a relação sofre seus efeitos.

Todo mundo fica parecendo adolescente quando está apaixonado. Digo isso, pois você se refere ao seu namorado como aquele que a “completa 100%”. Já pensou quanta responsabilidade você está imputando a ele?

É mais do que natural esse estado. Tem que se dar um tempo para refazer-se. Para enterrar tanta idealização dois meses são muito pouco!

O mais importante para atravessar esse período é não negar sentimento algum, mas também se dar o devido valor. As coisas boas ficam na lembrança, mas… 100%? Não seria muito?

Como elaborou as perdas dentro do casamento o alívio é natural. Já havia caminhado o que está por caminhar. Casamento é uma coisa, namoro é outra. A comparação só alimentaa vitimização sintomática.

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