Qual a importância dos essênios na divulgação do cristianismo?

Alvaro Vargas

 

Na época de Jesus, existiam várias seitas, destacando-se: fariseus, que acreditavam na imortalidade da alma, na ressurreição e eram fatalistas (tudo era vontade de Deus); saduceus, materialistas e céticos que pregavam a felicidade como fruto do livre arbítrio do homem, não acreditando na imortalidade da alma; zelotes, mais ligados aos problemas políticos do que religiosos e os essênios, que procuravam servir a Deus, auxiliando o próximo, sem imolações no altar e sem cultuar imagens. Na divulgação de sua Boa-nova, o Mestre contou com a colaboração de vários missionários, e entre as seitas judias os essênios se destacaram. Os seus adeptos o reconheceram como o Messias, conforme era esperado em Israel (A grande espera, Eurípedes Barsanulfo e Corina Novelino).

Distinguindo-se pelos costumes brandos e pelas virtudes, os essênios ensinavam o amor a Deus e ao próximo, a imortalidade da alma e acreditavam na reencarnação. Viviam em comunidades, nas quais repartiam entre si o que era produzido (agricultura, cerâmica etc.). Eram vegetarianos e excelentes médicos, sendo famosos pelo conhecimento e uso das ervas, entregando-se abertamente ao exercício da medicina. As suas vilas, geralmente se situavam distantes dos grandes núcleos populacionais, de modo a preservarem os seus valores morais e evitarem conflitos com as demais seitas existentes. Consideravam a escravidão um ultraje à missão que Deus deu aos homens, fato por si só passível de séria punição por parte do império romano, no qual os escravos constituíam um elemento importante na constituição da sociedade naquela época.

Construíram vários mosteiros, onde se dedicavam aos estudos, à contemplação e à caridade, sendo o mais notório mosteiro o de Qumran, às margens do Mar Morto. Perto desse local, foram encontrados em 11 cavernas, centenas de pergaminhos que datam de 300 a.C., até o ano 68, escritos em três idiomas: hebreu, aramaico e grego. Eles incluíam manuais de disciplinas, hinários, comentários bíblicos, escritos apocalípticos, cópias do livro de Isaías e quase todos os livros do Antigo Testamento, exceto o de Ester. Aqueles que viviam no mosteiro eram celibatários e tinham uma disciplina de conduta bastante rígida. Comiam as refeições em silêncio, só quebrado pelas orações recitadas pelo sacerdote, no início e no fim da alimentação. A mais espantosa revelação dos pergaminhos, até agora publicada é que possuíam, muitos anos antes de Cristo, práticas e terminologias consideradas exclusivas dos cristãos (batismo e imposição das mãos para curas). Os essênios pregavam mansidão, humildade e amar ao próximo como a si mesmo; foram esses alguns dos ensinamentos deixados por Jesus.

Embora a excelência de suas escolas iniciáticas, Jesus não necessitou frequentá-las. O espírito Emmanuel (A Caminho da Luz, cap. 12, Chico Xavier) cita que “não obstante, a elevada cultura das escolas essênios, Jesus não necessitou de seu aprendizado, pois desde os seus primeiros dias na Terra, ele mostrou-se tal qual era, com a superioridade que o planeta lhe concedeu desde os tempos longínquos do princípio”. Segundo o espírito Amélia Rodrigues (A mensagem do amor imortal, cap. 28, Divaldo Franco), Jesus nunca conviveu com eles, embora os conhecesse; os visitou pouco antes de iniciar a divulgação da sua Boa-nova, enaltecendo os valores morais que esta seita havia preservado. Identificou-se como o Messias, e muitos deles passaram a segui-lo, contribuindo na divulgação do cristianismo. Entre os cooperadores de Jesus, provavelmente os essênios tiveram uma participação ativa, tanto no ano 32 d.C., quando o Mestre enviou 70 cooperadores em dupla para visitar as cidades (Lucas, 10:1-20), e posteriormente, após o martírio do calvário, durante a sua ascensão, conhecidos como os 500 da Galileia (1 Cor 15,1-8), que contribuíram desde aquela época até hoje, na cristianização da Terra.

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Álvaro Vargas, engenheiro agrônomo, presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita

 

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