Camilo Irineu Quartarollo
Neste triste episódio do supermercado em Porto Alegre, estou evitando de ver as cenas de tão chocantes no dito e repetido supermercado onde tenho medo de pôr os pés. Contudo, ontem vi dois assassinos jovens, brutalidade instintiva, desmedida em cima de um cidadão indefeso.
Por que foi espancado? Por um soco no segurança? Por desentendimento no caixa? Ora, há meios de controlar situações tais, o cliente estava identificado por câmaras, podia-se abrir um B.O., se o caso, mas não, foi apenado com uma morte violenta. E notem, mais um caso que se soma aos tantos presenciados na mídia, de homens e mulheres sendo agredidos ou mortos, em geral por racismo.
Se fosse o caso de deter, há o choque elétrico e outros meios mais humanos e inteligentes. Os seguranças preferem a violência aprendida, aplicam golpes marciais, dão o “mata leão” ou estrangulamento usado irresponsavelmente na prática contra pessoas indefesas, que beira o sadismo. Haveria alguém adestrando essa gente?
Ao analisar a situação fiquei estarrecido, me saltam aos olhos esses casos, recorrentes de outras abordagens notórias na mídia, há correlação, a sucessão deles, como orquestração de um grupo ou grupos. Não foi um fato isolado. Isso tem acontecido pelo país e até comemorado ou incentivado essa pretensa Segurança, pela qual cidadãos indefesos vão à óbito e jovens se tornam assassinos nessa “Covid” paralela.
A pretexto de segurança de estabelecimentos há vigias e alguns destes ansiosos por mostrar serviço, não mais a deter o cliente quando e se for violento, mas a espancar por escolha da aparência estigmatizada na pele. Se fosse de outro estereótipo, um branco loiro, ou político de terno, dificilmente isso aconteceria. Na mídia, vemos algumas abordagens com agressões verbais, com provocações ao abordado (a) e não com a respeitabilidade de quem tem a autoridade. A ocorrência de Porto Alegre e outras vistas nos faz pensar que é modo de operar uma segurança de péssima qualidade, cujas empresas têm de responder.
Não adianta somente prender os assassinos de clientes, tem de se corrigir a má filosofia de se deter pelo estereótipo, de péssima abordagem e, acrescente-se, insegurança psicológica dos agentes, muitas vezes jovens fortes e despreparados, tornando uma ação simples em assassinato por não suportar o revés, descontrole emocional. Que segurança é essa?!
Parece-me que as empresas estão trazendo a filosofia dos que lidam com pessoas perigosas e armadas para lidar com cidadãos pacíficos e desarmados, confundindo-os pelo simples estereótipo e, pior, matando-os.
O bom policial pode aparecer no conflito armado, mas o bom segurança não deve ser percebido, não vira candidato, este ou esta dá Segurança simplesmente sem atentar contra os direitos civis. Ocorrências dentro de um supermercado deve ser resolvido por vias legais, sob pena de crime ao estabelecimento, mesmo que o cliente roube, ele deve ser acionado na Justiça e não por seguranças.
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Camilo Irineu Quartarollo, escrevente e escritor independente, autor de A ressurreição de Abayomi dentre outros