Ane Caroline Nabas
A casa de passagem é um serviço previsto pela política pública de assistência social para pessoas em situação de rua de forma emergencial e transitória com vínculos familiares fragilizados e/ou rompidos. Em Piracicaba este funcionava em formato de pernoite das 19 às 7 da manhã.
A partir de março deste ano devido a situação de Pandemia causada pelo Corona Vírus, o serviço se adaptou a necessidade de oferecer atendimento integral e a oferta de atendimento passou a ser contínua e em formato de isolamento, mantendo esses sujeitos protegidos dentro do serviço 24 horas por dia.
Ao mesmo tempo deu início a gestão desse serviço contemplado pelo chamamento público a Associação Presbiteriana, com capacidade para 50 vagas, surge a efetivação da expansão de acolhimento para essa população através do ginásio Jaraguá, com atuação intersetorial e por tempo determinado durante o pico de Pandemia. A partir dos vínculos e permanência desse público durante todo o processo de isolamento e de atendimento, após tendo sido observado uma possibilidade de que esses sujeitos teriam o desejo de se manterem acolhidos, foi almejado a expansão da Casa de Passagem para efetivar o aumento na capacidade de vagas e consequentemente de espaço, objetivando um acolhimento com o desenvolvimento de resgate do sujeito e sua ressignificação e reinclusão social.
A partir dessa proposta, o plano de ação é colocado em prática e recentemente foram transferidos todos os indivíduos do ginásio para o novo espaço, no qual já havíamos recebido os outros da casa de passagem. Fora então nomeado por esses de Espaço Vida Nova, legalmente cumprindo com as exigências previstas pela Tipificação de Serviços Socioassistenciais, o Espaço Vida Nova continua atuando nos moldes de uma casa de passagem, no qual o sujeito tem seus direitos garantidos, através da oportunidade de resgatarem sua história e reconstruirem suas vidas.
O serviço atualmente funciona no bairro Santa Rosa, conta com profissionais da área de psicologia, serviço social, educação física, cuidadores sociais, entre outros. Para ter acesso ao mesmo somente através de encaminhamento do Centro Pop.
O trabalho rotineiro é realizado visando diversas atuações, bem como, organização de documentações, benefícios, encaminhamentos a saúde, resgates de contatos familiares, inclusão em atividades externas terapêuticas, profissionalizantes, de inclusão profissional, habitacional de esporte e lazer, através de avaliação da equipe e planejamento de vida junto ao sujeito. O mesmo pode se desligar do serviço a qualquer momento, porém havendo muita atuação dos profissionais para sensibilizá-los, uma vez que o principal desafio é a manutenção dos sujeitos, devido a dependência de substâncias psicoativas.
A realidade da prática ao lidar com tantas pessoas num momento tão substancial como o covid é complexa, exige recursos e ferramentas que vão além das previsões sistemáticas das políticas públicas, nesse sentido, quando ao observar a quantidade do fluxo de sujeitos que permanecem desde o início dessa pandemia contribuindo na rotina institucional, mesmo sendo um número pequeno é que continuam esses profissionais perseverantes em atuarem nas áreas sociais.
___
Ane Caroline Nabas é assistente social, especialista em saúde mental, coordenadora técnica da Associação Presbiteriana de Filantropia de Piracicaba.