A Reforma Protestante e a vida na Igreja Cristã

Osvaldo Elias de Almeida

 

Dia 31 de outubro rememoramos o movimento conhecido como Reforma Protestante que foi iniciado por Martinho Lutero, na Alemanha, a partir do século 16, mais precisamente, no ano 1517.

Se compreendermos a história como uma interpretação com visão retrospectiva, limitada tanto pelas fontes de pesquisa quanto pelo historiador que as seleciona e interpreta condicionado pelo seu tempo e vivências, podemos dizer que a política, a sociedade e a economia são fatores de interpretação importantes.

Na síntese de Timothy George: “Na esfera política, testemunhou o surgimento da moderna nação-estado, a última tentativa séria de tornar o Sacro Santo Império Romano uma força viável na política europeia e o começo das guerras dinástico-religiosas. A razão por que a Reforma teve sucesso na Alemanha, fracassou na França e nunca se enraizou na Espanha somente pode ser compreendida à luz das histórias politicas inconfundíveis desses Estados. Economicamente, o influxo de ouro no Novo Mundo, juntamente com o colapso das economias das terras feudais, criou uma inflação galopante e um transtorno econômico. A relação entre a Reforma e o surgimento do capitalismo tem sido vastamente estudada e ainda continua a gerar controvérsia. Do mesmo modo, as forças sociais operantes na Reforma têm sido investigadas muito minuciosamente. Temos, agora, um quadro mais completo da realidade social do século XVI: o ressurgimento da bruxaria, o impacto da imprensa, as características da vida urbana, estruturas familiares em mutação – tudo isso afetou diretamente os impulsos religiosos da época. Algumas das interpretações mais criativas da Reforma foram apresentadas por historiadores marxistas que, de Frierich Engels a Gerhard Zschabitz, interpretaram a luta de classes do século XVI como um protótipo das revoluções do século XX.” (Teologia dos Reformadores, p. 21)

A Reforma foi um movimento inserido num conjunto amplo de acontecimentos e eventos simultâneos, sendo gerada em torno de ideias, líderes e livros, mas que especialmente, reconheceu a Bíblia  como o Livro dado à Igreja e à comunidade de fé reunida e guiada pelo Espírito Santo, o que trouxe novo significado à vida de Lutero quando passou a interpretá-la baseado na sua nova compreensão da justificação somente pela fé em Cristo Jesus, o Senhor. A ênfase luterana em Cristo, como o centro e o Senhor das Escrituras deveria conduzir as pessoas à fonte, que é a Cruz de Cristo.

Hoje os cristãos contemporâneos são encorajados a manterem-se comprometidos com a mensagem da tradição cristã reformada que desafiou, no seu tempo, imperadores e papas, reis e câmaras municipais, porque suas vidas eram obedientes e cativas à Palavra de Deus e ao Senhor da Igreja, Cristo.

Reformados, mas ainda humanos pecadores discerniram o caráter paradoxal da condição humana e a possibilidade de redenção mediante Jesus Cristo: o Caminho, a Verdade e a Vida sendo que tal discernimento reencaminhou o seu modo de ser igreja, o culto, o ministério, a vida espiritual e a ética.

Rememorar os 503 anos da Reforma Protestante nos dá a oportunidade para que encaremos as questões contemporâneas que carecem de novas reformas, baseados num dos principais lemas dos reformadores “Igreja reformada sempre se reformando” como condição necessária, para nos reafirmarmos como discípulas e discípulos de Cristo nos caminhos da missão.

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Rev. Osvaldo Elias de Almeida, mestre em Educação; pastor titular da Catedral Metodista de Piracicaba

 

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