Oposição quer CPI para apurar denúncia de compra de votos: PL 529

Os partidos que formam oposição ao governador João Doria (PSDB) na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) vão apresentar proposta de instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar a possível “compra de votos” na aprovação do Projeto de Lei 529/2020, que autoriza a venda de fundações de instituições estaduais, entre elas Oncocentro, CDHU e Sucen, ocorrida nesta última terça (13).
Para a deputada estadual Professora Bebel (PT), que votou contrária ao PL, a CPI é uma resposta à forma “vergonhosa e infame que o Governador João Doria conseguiu, após muitas manobras, pressões e denúncias de compra de votos, aprovar o PL 529/2020, inclusive com o voto do próprio presidente da Casa, Cauê Macris, e dos deputados Alex Madureira (PSD) e Roberto Morais (Cidadania), ambos com domicílio eleitoral em Piracicaba. A deputada Janaína Pascoal (PSL) também mudou sua postura em relação às primeiras votações e foi voto favorável ao PL.
O governo obteve 48 votos, exatamente o número necessário, tal foi a mobilização do funcionalismo e o trabalho dos parlamentares da oposição. “Na votação, deputados da base governista que há muito não compareciam à Assembleia Legislativa compareceram para compor os votos necessários”, conta Bebel, que classifica a aprovação desta propositura como o “desmonte” do Estado de São Paulo em prejuízo à população que precisa de serviços oferecidos pelas instituições e fundações.
Bebel conta que para conseguir esse resultado, agindo o tempo todo como representante de Doria na Alesp, o presidente Cauê Macris manobrou de todas as formas possíveis, convocando em cima da hora sessões extraordinárias às segundas feiras, nomeando relator especial, cerceando o debate e até mesmo os pronunciamentos das bancadas em plenário. “O Presidente da Casa não convocou sequer uma audiência pública para debater projeto tão importante e o regimento foi desrespeitado em diversos momentos, a começar pela própria admissibilidade de um projeto inconstitucional, que será contestado na justiça”, diz.
Para a deputada Professora Bebel, a mobilização e obstrução obrigaram o governo a fazer “negociatas” para aprovar o projeto. “Nós lutamos desde o início pela retirada ou derrota total deste projeto. Estão de parabéns as professoras e os professores, que desde o primeiro momento compareceram em todos os momentos em que o PL 529 foi pautado, juntamente com outros setores do funcionalismo, sobretudo aqueles diretamente atingidos, funcionários da CDHU, EMTU, Oncocentro, FURP, IMESC, ITESP, Instituto Florestal, Fundação Zoológico, SUCEN e DASP. Para viabilizar a aprovação do projeto, frente à grande resistência da sociedade e dos próprios deputados, Doria fez um acordo em separado na calada da noite para supostamente não extinguir Oncocentro, FURP, IMESC, ITESP. Em tese, também será retirado o confisco das verbas das universidades e FAPESP. Essas aparentes concessões, porém, ainda dependem de votação dos destaques. Setores governistas já fizeram declarações sobre a necessidade de o projeto ser mantido na íntegra. O fato de Doria ter tido que fazer esse tipo de manobra, pois do contrário o projeto não teria chance de ser aprovado, demonstra que nossa mobilização foi muito forte e eficaz, assim como o trabalho dos parlamentares que se opuseram ao projeto”, ressalta.
Desmonte do Estado – Para a deputada Professora Bebel, mesmo se aprovados os destaques, o projeto desmontará o controle de endemias (dengue, chikungunya, sarampo e outras doenças), a moradia popular, o transporte público interurbano, a proteção ao meio ambiente. O PL também aumenta o valor das contribuições dos servidores para o IAMSPE, de acordo com a faixa etária. “Isso significa que os mais velhos pagarão mais se o PL 529 for aprovado como está”, diz.
COMPRA DE VOTOS 

De acordo com denúncias de deputados que se opuseram ao projeto, houve a liberação de verbas do valor de R$ 30 milhões em emendas parlamentares para deputados que votaram a favor e de R$ 20 milhões para os que, embora votando não, aceitaram participar do quórum para validar o processo de votação. “Por isso, a oposição lutará pela instalação de CPI instalada na Alesp para investigar essa compra de votos. Todo esse processo demonstra que a luta vale a pena, porque não nos omitimos perante os ataques do governo Doria aos direitos da população paulista e do funcionalismo público estadual”, enfatiza.

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