Alysson Coimbra
A depressão é o mal do século, uma epidemia crônica que, todos os anos, provoca a morte de cerca de 12 mil pessoas no Brasil. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que o país é o campeão mundial em casos de transtorno de ansiedade e ocupa o segundo lugar em transtornos depressivos, um dos fatores que podem levar ao suicídio.
No Setembro Amarelo, mês que alerta para a necessidade de cuidar da saúde mental, prevenir o suicídio e tirar todo o estigma e preconceito que cercam os problemas, é indispensável discutir os mecanismos de avaliação médica e psicológica dos condutores de veículos. A ciência nos mostrou que alterações mentais podem interferir na capacidade de dirigir, aumentando os riscos de acidente e também dos casos de violência no trânsito. Mais que isso, os exames podem detectar precocemente transtornos mentais que incapacitam milhares de brasileiros para o trabalho.
Atualmente, a avaliação da saúde mental dos motoristas comuns é feita apenas no momento da habilitação, aos 18 anos. Nesta idade, as pessoas ainda estão em fase de desenvolvimento de suas condições biopsicossociais, por isso essa única avaliação da saúde mental não é suficiente para identificar precocemente condições que amplificam riscos para todos os integrantes do Sistema Nacional de Trânsito.
Para os condutores profissionais, esses exames são feitos periodicamente, no momento de renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Mas, recentemente, o Congresso afrouxou as regras de trânsito, ampliando esse prazo, uma medida que certamente provocará o aumento das mortes e acidentes de trânsito.
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Alysson Coimbra, médico especialista em trânsito, coordenador da Mobilização Nacional dos Médicos e Psicólogos Especialistas em Trânsito