Setembro Amarelo e a prevenção do suicídio

Gabriel Augusto Queijo

 

O Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização para prevenção do suicídio. No Brasil, foi criado em 2015 pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria) com objetivo de associar a cor amarela ao mês que marca o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio (10 de setembro). A campanha é em setembro, mas os esforços para prevenção do suicídio devem ocorrer em todos os meses do ano. No Brasil são registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos. No mundo, mais de 1 milhão de casos todos os anos. Mas então, como agir para prevenção do suicídio?

Cerca de 97% dos casos de suicídio estão relacionados a transtornos mentais, como depressão, transtornos de ansiedade, transtorno afetivo bipolar, esquizofrenia e dependência química. A busca de tratamento para os transtornos psiquiátricos é a melhor forma de prevenir o suicídio. Quanto mais precoce a busca por tratamento, melhor. E como suspeitar que você ou alguém que você ama sofre de algum transtorno mental? Existem seis emoções básicas: alegria, tristeza, medo, surpresa, raiva e nojo. É normal apresentarmos oscilações dessas emoções dentro de um dia e ao longo dos dias. Mas quando essas emoções são muito intensas ou duradouras e comprometem a capacidade do indivíduo trabalhar, estudar e se relacionar com as pessoas e o mundo, é preciso ficar atento. Possivelmente você ou a pessoa que você gosta está diante de algum transtorno mental.

Alterações significativas do apetite e peso, alterações na qualidade e quantidade do sono e aumento do consumo de álcool ou cigarro também podem ser indicativos de sofrimento mental. E como ajudar alguém que sofre com algum transtorno mental? Chame a pessoa para uma conversa em um local reservado e calmo. Saliente o quanto você se importa e se preocupa com ela. Diga que você está percebendo que algo não caminha bem e pergunte se existe algo em que você possa ajudar. Ouça a pessoa atentamente e não a julgue pelo que está sendo dito. Coloque-se à disposição para ajudá-la na busca de auxílio profissional e, se possível, ofereça-se para acompanhá-lo em um atendimento. Uma escuta atenta e um olhar carinhoso fazem total diferença em um momento delicado e podem tornar a dor e o sofrimento mais toleráveis.

E temos de considerar que estamos vivendo uma época atípica, de pandemia de coronavírus. Sem dúvida, a pandemia tem contribuído para o adoecimento mental de milhares de pessoas. Sabidamente, endividamento, desemprego, término de relacionamento e luto são precipitantes relevantes para as mais diversas doenças mentais.

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Gabriel Augusto Queijo, médico psiquiatra do Grupo São Francisco/Sistema Hapvida

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