Walter Naime
Falar em estado de espírito do homem é um assunto que nos atrai, em contraposição à dificuldade que ele encerra.
O estado de espírito é o que tem determinado o sucesso ou fracasso dos projetos humanos no decorrer da história, pois na soma dos atos de acreditar e correr atrás do que se deseja é que entra a determinação, a fé, a esperança, a proatividade para atingir a eficácia do resultado a ser atingida não deixando de lado os recursos que devem estar a nossa disposição na empreitada que se abraça.
De um modo geral, a força maior que caracteriza as atitudes do ser humano é o egoísmo, sendo sempre estimulada pelo instinto da autodefesa para continuar existir, porém colocado dentro da vivência coletiva passa ser construtivo ou destrutivo, com preponderância para o destrutivo.
Deste modo compete ter um conhecimento mais aprofundado para que se crie um equilíbrio e domínio sobre o mesmo a fim de diminuirmos os males que ele possa provocar, sem deixar que a força inicial do egoísmo seja eliminada.
Nessa tentativa de equilíbrio é que aparece a compressão do eu e a expansão do nós.
Essa prática varia de cultura para cultura, apresentando diferenças em povos de origem orientais e ocidentais, pois nos orientais a prática do “pensar o coletivo” predomina no comportamento e consequentemente nos resultados sociais e de governança.
Esse sentimento de se “pensar o coletivo”, como forma de sobrevivência, vem sendo acentuado nos países ocidentais, com exemplos nos povos democráticos das Américas, onde a tentativa de comprimir o eu e expandir o nós, se faz necessário pois, quando o coletivo é atacado por terremotos, pestes como o coronavírus, e outros males, os postos governamentais são pegos despreparados para o enfrentamento por falta de treino nas linhas do “pensamento coletivo”.
O “pensamento coletivo” traz, no seu bojo, o respeito pelo próximo, necessidade de se ter humildade, o entendimento de aumentar a tolerância, o refreamento das ambições materiais, o desenvolvimento das ideias de cooperação mutua a fim de praticar a união de todos no combate ao que aparecer como agressivo e destruidor da sociedade, pondo em risco a sobrevivência da mesma.
É hora de deixarmos expandir o nós, sabendo que a compressão do eu possa provocar dores, e que nos submetamos a elas antes de sermos dizimados pelos males.
O egoísmo sempre permanecerá junto ao ser humano, mas com reflexões e com determinação havemos de obter o equilíbrio, desenvolvendo cada vez mais o uso do “pensamento coletivo” para resguardar nossa existência.
Nas horas difíceis há uma sugestão a se fazer, propondo que se fale em “abobrinhas”, mas que sejam com sementes dando prova do seu conteúdo.
O estado de crises sociais e econômicas vai sempre depender de como é pego o estado de espírito dos envolvidos.
Depois de jogar as conversas fora dizendo “abobrinhas maduras” é hora de contar as sementes para sentir o que sobra repetindo o refrão: “O vírus do Ipiranga às margens flácidas”. De um povo heroico brado retumbante.
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Walter Naime, arquiteto-urbanista, empresário.