Cimara Prada
A proposta da Educação Alimentar e Nutricional (EAN), em constante transformação, vem sendo debatida com mais frequência nos últimos 20 anos, em virtude do aumento expressivo da obesidade. Inclusive a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera a obesidade um problema de saúde pública mundial. Nesse panorama, atrelado ao momento da pandemia do novo coronavírus, devemos discutir como trabalhar a educação nutricional de modo a agregar pais, responsáveis, professores, alunos e outros atores envolvidos na educação de crianças e adolescentes.
Nas últimas décadas, o Brasil passou por transformações políticas, econômicas, sociais e culturais, que evidenciaram mudanças no modo de vida da população. Atualmente, é maior a expectativa de vida dos brasileiros; o padrão de saúde e o consumo alimentar também mudaram. Diante desse cenário, o governo federal, alinhado às diretrizes da OMS e da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), vem divulgando, desde 2006, o Guia Alimentar para a População Brasileira, instrumento que visa a apoiar ações da EAN em diversos setores, incluindo o de saúde. Considera, ainda, princípios e diretrizes do Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional e do Marco de Referência da Educação Popular.
Num momento em que o excesso de peso acomete um em cada dois adultos e uma em cada três crianças brasileiras, o Guia apresenta 10 passos para a alimentação saudável, os quais incentivam, como base, alimentos in natura, ou minimamente processados, uso de óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades e a limitação do consumo de alimentos processados.
Além disso, estimula-se o exercício e a partilha das habilidades culinárias, a fim de envolver as crianças na prática, permitindo uma interação com os alimentos desde cedo, o que, no fim, dá autonomia a elas. O Guia também recomenda que a população avalie, de forma crítica, informações veiculadas em propagandas comerciais, incentivando, especialmente, crianças e adolescentes a desenvolver esse olhar crítico. Destaque-se que crianças, alimentadas inadequadamente, correm risco de desnutrição, de retardo, de dificuldade de envolvimento social, de baixo rendimento escolar e de aumento das chances de doenças crônicas na idade adulta.
Em Piracicaba, a Coordenadoria de Programas de Alimentação e Nutrição (CPAN) vem atuando junto ao poder público, a fim de decidir e de alinhar as políticas voltadas à melhoria da alimentação das crianças da rede municipal. Diante do fato de que, no município, em 2017, a cada três crianças menores de cinco anos, uma apresentava excesso de peso, é urgente pensar como ampliar ações intersetoriais que resultem em impacto positivo sobre os determinantes de saúde e de nutrição. Apesar dos avanços, ainda é necessário reverter esse dado alarmante, já que, no contexto da pandemia, esse quadro deve piorar.
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Cimara Prada, professora e empreendedora