Dedini, 100 anos: do pioneirismo ao protagonismo

Barjas Negri

  

Em 1914, quando embarcou no navio Princesa Helena, em Gênova, rumo ao Brasil, Mário Dedini trazia mais do que as suas economias no bolso: trazia o sonho e a coragem de empreender em um país estranho, em plena guerra.

Foi mecânico, trabalhou intensamente por mais seis anos e, no dia 23 de agosto de 1920, junto com o irmão Armando, comprou uma pequena oficina de ferramentas, na Vila Rezende, dando início a uma das mais notáveis histórias de empreendedorismo.

Ao longo de 100 anos, o Grupo Dedini constituiu-se em um dos mais importantes conglomerados industriais do Brasil, especializado na produção de máquinas e equipamentos para o setor sucroenergético e outras áreas como mineração, bebidas, fertilizantes, entre outros. A Dedini se tornou ma fábrica de fábricas, que atende todo mercado nacional e internacional.

Como milhares de outros trabalhadores, tive a oportunidade de trabalhar em uma das empresas do Grupo Dedini. Em 1971, após fazer um ano de estágio, fui contratado como calculista 2. Foi o meu primeiro emprego com carteira assinada, no período em que estudava Economia, no antigo Instituto Educacional Piracicabano, hoje UNIMEP.

A Dedini é um orgulho para toda cidade de Piracicaba. A história do comendador Mário Dedini, do seu irmão Armando e de toda a sua família, valoriza a história de Piracicaba. O visionário Mário Dedini também soube ser generoso com a cidade e com toda a comunidade rezendina. Financiou quase que a totalidade das obras da Matriz da Imaculada Conceição, trazendo o mesmo projeto arquitetônico da igreja de sua cidade natal, Lendinara, na Itália. Ajudou vários prefeitos com doações para projetos sociais e obras importantes de infraestrutura urbana. Mas o seu maior legado foi mesmo a empresa que carrega o seu honroso sobrenome.

Foi através dela, que a tecnologia da produção de açúcar e etanol se desenvolveu no Brasil com a construção de dezenas de usinas de açúcar e destilarias de álcool espalhadas por todo território nacional. Dela, saíram muitos técnicos que montaram suas empresas, fornecendo produtos para a própria Dedini e, em algum momento, se tornaram seus concorrentes. Tudo isso ajudou no crescimento de Piracicaba, impulsionou a geração de milhares de empregos, distribuição de renda e fortaleceu os cofres da Prefeitura, com os tributos arrecadados, boa parte dos quais, devolvidos na forma de obras e serviços públicos.

Tive a oportunidade de dissertar sobre os primeiros 55 anos da Dedini, até 1975, quando da elaboração da minha tese de mestrado: “Estudo de Caso da Indústria Nacional de Equipamentos – análise do Grupo Dedini de 1920 a 1975”,  apresentada e aprovada pela UNICAMP.

Como Prefeito de Piracicaba, posso afirmar que foi um privilégio ter  realizado muitas parcerias para o desenvolvimento econômico e social da nossa cidade.

Em nome de toda a população, presto a minha homenagem e agradeço tudo que a família Dedini, desde o patriarca, Comendador Mário Dedini, até os atuais sucessores, fizeram e continuam fazendo por Piracicaba.

A grandeza de Piracicaba, o dinamismo de sua economia e a dimensão de sua indústria muito se devem ao crescimento e desenvolvimento da Dedini. No ano de seu centenário, devemos comemorar e muito. Um brinde à Dedini, a todos que aqui trabalharam, nossos agradecimentos.          Parabéns a todos!

_____

Barjas Negri, economista, prefeito de Piracicaba

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima